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Meta do ‘novo PMDB’ é conquistar Presidência

Enquanto busca ampliar desgaste de Dilma, partido trabalha para construir imagem de ‘realizador’ e ‘anti-PT’, de olho em candidatura própria em 2018

Por Caio Junqueira e Alberto Bombig
Atualização:

Brasília - Com ou sem Dilma Rousseff, o PMDB decidiu que vai trabalhar para manter-se no poder a partir de 2018, mas trocando o Palácio do Jaburu, sede da Vice-Presidência, pelo do Planalto. A despeito da crise que engole a atual gestão da presidente e dos rumores de encurtamento do mandato dela, os líderes peemedebista traçaram um projeto para ter um candidato forte na disputa pela Presidência daqui a três anos e meio.

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Se Dilma permanecer até o fim de seu mandato, o caminho do PMDB rumo ao Planalto passará pelas gestões de Renan Calheiros (AL) e de Eduardo Cunha (RJ) nos comandos das duas Casas do Congresso e pela administração do prefeito Eduardo Paes no Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Antes de falar em nomes, a cúpula peemedebista acha que precisa utilizar essas três frentes para imprimir uma imagem de partido “pragmático”, capaz de criar um terceira via entre a polarização tucano-petista das últimas décadas.

A intensa agenda imposta por Cunha e Renan no Legislativo, aliada ao sonhado sucesso dos Jogos, daria ao partido a oportunidade de construir um discurso “realizador” em 2018. Se isso der certo, o mais provável é que Paes e Cunha disputem a indicação para ser o candidato.

Eduardo Paes (RJ) é uma das prováveis opções do PMDB para concorrer à Presidência da República em 2018 Foto: Wilton Junior/Estadão

Até lá, Cunha e Renan devem trabalhar para manter Dilma fragilizada, pois uma presidente fraca significa um Executivo fraco, o que abre espaço para um Legislativo forte, avaliam. A estratégia dos dois é desgastar Dilma mediante sucessivas derrotas no Congresso.

A pauta de Cunha e de Renan busca o apelo popular, setorial e “federativo”. Enquanto isso, Cunha cresce e se consolida como o “anti-PT”. Segundo apurou o Estado, ele encomendou uma pesquisa de intenção de voto para presidente na qual aparece com 5%. Esse porcentual aumenta quando o nome do PSDB é Geraldo Alckmin (SP), e não Aécio Neves (MG).

No caso de Cunha, porém, antes de qualquer pretensão eleitoral, ele tem de ser inocentado na investigação dos desvios e da corrupção na Petrobrás, em que é acusado de ter recebido dinheiro do esquema. Quanto a Renan, também implicado nesse caso, o próprio partido avalia que ele tem uma imagem desgastada.

Serra e empresários. Outra alternativa discutida dentro do PMDB inclui uma aproximação com o senador José Serra (PSDB-SP). Veterano em disputais presidenciais (ficou em segundo em 2002 e em 2010), ele garantiria ao PMDB uma candidatura competitiva e agregaria ao partido, ao qual já foi, inclusive, filiado, o discurso da “experiência” para lidar com momentos de turbulência política e econômica – o PMDB ainda precisa conquistar a confiança do empresariado nacional.

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Serra mantém bom relacionamento com o PMDB no Congresso, mas a missão de convencê-lo a deixar o PSDB ainda é o maior entrave para esse “plano b”. Serra tem respondido às sondagens com afirmação de “ainda é cedo para falar sobre 2018”.

Temer. O próximo passo do projeto peemedebista de voltar ao Planalto após o fim da gestão Sarney (1985-1990) é a saída do vice-presidente Michel Temer da função de articulador político de Dilma. O grupo do vice não estaria disposto a esperar as eleições de 2018.

O combinado é que Temer deixe a função após o recesso parlamentar para que o PMDB posso discutir com mais desenvoltura uma eventual saída de Dilma da Presidência. A avaliação entre os líderes peemedebistas é de que “a crise atual é a própria presidente” e de que Temer funciona como uma proteção a Dilma. Por esse raciocínio, sem Temer, Dilma ficaria desprotegida e abriria um canal de comunicação para que ela mesma possa ouvir sugestões sobre a possibilidade da renúncia. Renan e Cunha são contra a estratégia.

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