BRASÍLIA - Uma semana após ser formada maioria pela condenação no Supremo Tribunal Federal por envolvimento no mensalão, em outubro de 2012, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares convidou os “amigos mais próximos” para um jantar de aniversário em seu apartamento. Na lista de convidados estava o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, investigado na Operação Lava Jato, que ironiza o convite, em mensagens apreendidas pelos investigadores em seu celular, por causa da situação de Delúbio. Léo Pinheiro foi condenado, no ano passado, a 16 anos de prisão por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás.
A primeira conversa data de 16 de outubro de 2012. De madrugada, César Mata Pires Filho, um dos donos da OAS, encaminha mensagem a Pinheiro. “Dr. Leo, Recebi este e-mail abaixo, acho que o senhor Recebeu... Beijos, CMPF”, inicia Mata Pires Filho antes de encaminhar a mensagem de Delúbio Soares. “Amigo Dr. Cesar Mata Pires Filho, Boa noite! Tudo bem? Amanha, 16/10, sera meu aniversário. Desejo nesta ocasião comemorar com minha família e meus/minhas amigos/as mais próximos, uma vez que farei apenas um jantar em meu apartamento, ¿s 20h30. Solicito a gentileza de confirmar presenga. Um abrago do amigo, Delubio Soares”, diz o número atribuído pelos investigadores a César Mata Pires Filho.
Onze horas depois, o telefone atribuído a Léo Pinheiro responde: “Recebi e êle tb ligou. No lugar dele ficaria quieto. Como diz o ditado “Qto mais fumaça, mais fogo”. Mandei um presente. Bjs”.
O presente enviado a Delúbio também aparece em troca de mensagens entre números não identificados. “-Dr. Delubio Soares – cognac Hennessy Paradis”. O conhaque é encontrado na internet por R$ 1.730.
No mesmo dia do jantar, Pinheiro encaminha mensagem a Delúbio Soares para felicitá-lo e rejeitar o convite. “Amigo, Parabéns! Estou em Londres de férias, por isso não estarei presente. Receba um gde abraço. Léo”. O ex-tesoureiro responde: “Obrigado, boas férias... Delúbio Soares”. Léo Pinheiro avisa a César Mata Pires Filho que felicitou o petista.
Dias antes da comemoração, em 9 de outubro, oito dos dez ministros votaram a favor da condenação de Delúbio Soares. Segundo a acusação, o ex-tesoureiro fazia negociação entre o núcleo político e o núcleo operacional e mandou sacar R$ 550 mil do valerioduto. Sua defesa dizia que os empréstimos de Marcos Valério foram usados apenas para saldar dívidas contraídas pelo PT em campanhas eleitorais.
Em novembro de 2012, o STF condenou Delúbio a oito anos e 11 meses por formação de quadrilha e corrupção ativa. Em 2014, o ex-tesoureiro passou a cumprir pena em regime aberto.
As defesas de Delúbio Soares e Léo Pinheiro não se manifestaram.