Marina quer candidaturas em 2010 'mais verdes' que ela

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Por CAROLINA FREITAS
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Com seus inconfundíveis coque e vestido longo estampado, a senadora Marina Silva foi a estrela de um evento hoje na capital paulista para lançamento de um banco de dados ambientais criado pela Serasa Experian. Nome forte do PV para concorrer à Presidência em 2010, após ter rompido com o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina pregou a necessidade de uma "nova geração de políticos".A ex-ministra do Meio Ambiente de Lula esforçou-se em mostrar indiferença em relação a seus possíveis opositores nas eleições de 2010 - entre eles a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Questionada se sua entrada no cenário eleitoral estimula medidas como a do Ministério da Fazenda, que anunciou hoje o uso de um critério ambiental para a redução de IPI para eletrodomésticos, Marina respondeu: "Se isso de fato estiver acontecendo, espero que todas as candidaturas possam ficar verdes, queira Deus, mais verdes do que eu."Em uma palestra de 45 minutos para mais de 300 convidados, a senadora argumentou a favor da adoção de um novo modelo de desenvolvimento. "Crescer por crescer não é sustentável", afirmou. "O desafio é de tamanha magnitude que exige outra dimensão política, fora dos recortes tradicionais de direita, esquerda e centro. O processo exige novas lideranças, uma nova geração de políticos, baseados na liderança pelo exemplo."Acordo climáticoA ex-ministra mostrou-se preocupada com a morosidade do governo federal na definição da proposta de redução das emissões de gases poluentes que o Brasil levará à 15ª Conferência de Copenhague, em dezembro. "Não devemos dar de bandeja essa ideia de que a conferência já é um fracasso. Cada um tem de investir ao máximo para que não seja. Até agora não avançamos no processo preparatório", disse.Segundo ela, o País deve apresentar na conferência uma meta de redução de emissão de gás carbônico de 20% a 40%, tendo como referência o ano de 1995. A meta exigiria uma queda de 80% no desmatamento.Marina evitou ao máximo entrar em rota de colisão com Dilma Rousseff. A senadora disse não estranhar o fato de Lula indicar Dilma para representar o Brasil em Copenhague. "Ela estará em seu papel institucional. É uma escolha do presidente", afirmou. "Quando eu era ministra sugeri, por exemplo, que a Casa Civil coordenasse o Plano de Combate ao Desmatamento."Após participar da cerimônia do banco de dados Conformidade Ambiental, Marina almoçou com executivos da Serasa no restaurante do Hotel Tivoli Mofarrej, onde aconteceu o evento. A ferramenta vai reunir informações sobre empresas causadoras de impacto ambiental, conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A ideia é que as instituições financeiras consultem o cadastro antes de conceder empréstimo às companhias, barrando aquelas que tenham pendências ambientais.

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