Maranhão recua e não vai instalar CPI da UNE

Nos bastidores, decisão é atribuída à pressão do governador maranhense, Flávio Dino, do PC Do B, partido ligado à entidade

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA - O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), não vai autorizar a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da União Nacional da Estudantes (UNE). Mesmo após os membros da CPI terem sido escolhidos, a reunião para a instalação do colegiado foi adiada pelo deputado três vezes nas últimas semanas, sem justificativa do presidente da Casa. Na terça-feira, depois de mais um adiamento, Maranhão disse ao líder do governo, André Moura (PSC-SP), que não instalará CPIs enquanto estiver à frente do comando dos trabalhos legislativos. 

Na avaliação do presidente interino da Casa, CPIs são muito “polêmicas”. Ele considera que terá pouco tempo à frente dos trabalhos legislativos, pois logo deverá ser substituído, e não quer se indispor com os estudantes da UNE. Segundo governistas, a decisão de cancelar a instalação da CPI contaria com o apoio do presidente em exercício Michel Temer, que quer evitar protestos durante a conclusão do processo de impeachment e a Olimpíada, em agosto.

O presidente interino da Câmara,Waldir Maranhão (PP MA),preside sessão no plenário Foto: ANDRE DUSEK / ESTADAO

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Escolhida para ser presidente da CPI e uma das principais defensoras do colegiado, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) adiantou que vai entrar com um mandado de segurança até a próxima quarta-feira para tentar garantir a instalação da comissão na Justiça. Segundo ela, Maranhão se comprometeu pessoalmente a instalar o colegiado, mas não cumpriu a sua palavra e “boicotou deliberadamente” o início dos trabalhos. “Ele podia ter sido sincero, jogado limpo, mas não, preferiu fazer os deputados de bobo”, disse Cristiane. “Estamos vivendo um momento de transformações e a UNE não está imune a isso. Tem que ser passada a limpo também.”

Nos bastidores, deputados afirmam que o presidente interino da Câmara estaria sofrendo pressões do governador do Maranhão, Flávio Dino, que é do PC do B, partido que há décadas tem influência na UNE. A assessoria de Maranhão disse que ele não falaria sobre o caso.  A comissão foi anunciada pelo presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em maio. O pedido de instalação da CPI foi apresentado pelo deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP).

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