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Maranhão pede tempo após PP propor 'renúncia negociada'

Uma nova reunião do partido deve acontecer na quarta-feira, 11, quando o deputado vai revelar aos colegas sua decisão

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Por Igor Gadelha e Valmar Hupsel Filho
Atualização:
Deputado Waldir Maranhao (PP-MA) na chegada à Câmara um dia após tentar anular sessões do impeachment Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

BRASÍLIA - A bancada do PP na Câmara dos Deputados decidiu, em reunião nesta terça-feira, 10, tentar uma "renúncia negociada" de Waldir Maranhão (PP-MA) da 1ª vice-presidência da Casa antes de dar seguimento ao processo de expulsão dele do partido. Maranhão pediu para que fosse convocada uma nova reunião nesta quarta-feira, 11, e afirmou que estaria presente para anunciar sua decisão.

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Na reunião do PP, ficou decidido que um grupo de deputados da legenda procuraria Maranhão, para tentar negociar essa renúncia antes de encaminhar à Executiva Nacional seu posicionamento pela expulsão do partido. Como argumento, os parlamentares do PP diriam que, caso renuncie, o presidente interino teria como garantia a salvação de seu mandato. 

Segundo o deputado Júlio Lopes (RJ), responsável por falar com Maranhão, o presidente em exercício da Câmara teria dito: "Você não tem direito de pedir minha renúncia". O deputado carioca então disse ao colega que tem obrigação de manter o bom funcionamento da Câmara. Foi aí que Maranhão pediu tempo para pensar.

A reunião da Executiva Nacional do PP, que estava marcada para esta terça, foi adiada para quarta. Lopes afirmou que o ideal é que a "solução" seja o mais breve possível. "Já lhe foi comunicado que faticamente ele não tem condição de presidir a Câmara", disse.

Ética. Na segunda-feira, DEM e PSD entraram com representação no Conselho de Ética da Câmara, acusando Maranhão de quebrar o decoro parlamentar ao anular sessão da Câmara que aprovou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma. A representação pode levar à cassação do mandato dele. 

"A bancada fez um encaminhamento a favor da expulsão dele, mas antes vamos tentar a proposta também encaminhada de renúncia negociada", afirmou o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB). Com a decisão, a reunião da Executiva Nacional da sigla que trataria do processo de expulsão foi adiada.

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), explicou que a Executiva não terá como aprovar o afastamento cautelar (provisório) de Maranhão como pedido pelo deputado Júlio Lopes (PP-RJ) junto com o pedido de expulsão definitivo. Segundo o dirigente, não há previsão estatutária para isso.

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O Broadcast Político apurou que a cúpula do partido quer evitar a expulsão definitiva de Maranhão para impedir que o presidente interino da Câmara migre para outro partido menor do mesmo bloco do PP. Com isso, ele poderia tentar manter o cargo de 1º vice-presidente.

Já com renúncia, seria mais fácil para o partido tentar pedir a primeira vice-presidente de volta, para a legenda indicar um substituto. Embora o deputado maranhense tenha sido eleito, a interpretação da maioria da legenda é de que a 1ª vice-presidência cabe à sigla, por acordo político que culminou com a eleição tanto de Maranhão quanto de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 

Caso renuncie ao cargo, o 2º vice-presidente da Câmara, deputado Giacobo (PR-PR) assumiria interinamente o comando da Câmara e convocaria eleição para 1º vice-presidente em até cinco sessões. O eleito comandaria a Casa interinamente enquanto durar o afastamento de Cunha da presidência da Câmara. 

Sem apoio. Maranhão preside, na tarde desta terça-feira, reunião na Mesa Diretora e deve ouvir dos outros integrantes que não tem apoio deles para continuar no cargo. O argumento dos deputados é que não foram consultados sobre a decisão de Maranhão de anular as sessões da Câmara que discutiram o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, nos dias 15, 16 e 17 de abril, e que o presidente em exercício agiu de forma unilateral. Maranhão anulou a tramitação do impeachment na manhã de segunda-feira e revogou a anulação na madrugada de terça. Por volta das 13h30, Maranhão deixou o gabinete da vice-presidência e seguiu para a presidência da Câmara, onde acontece a reunião da Mesa Diretora. O trajeto de vinte metros provocou enorme tumulto de jornalistas e seguranças, mas Maranhão ficou em silêncio, apesar das perguntas sobre a possibilidade de renunciar. / COLABOROU LUCIANA NUNES LEAL