Maranhão admite equívoco ao anular impeachment e quer disputar Senado em 2018

Investigado pela Operação Lava Jato, o deputado do PP diz que vai trabalhar para se eleger senador pelo Maranhão em 2018 na chapa do governador Flávio Dino (PCdoB)

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Por Igor Gadelha
Atualização:

Brasília - Primeiro vice-presidência da Câmara, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) admitiu pela primeira vez, em entrevista ao Broadcast Político, que cometeu um "equívoco" ao anular a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015. Prestes a deixar o cargo na Mesa Diretora após um conturbado mandato, ele diz que seu foco agora será viabilizar sua candidatura ao Senado em 2018.

O deputado Waldir Maranhão (PP-MA). Foto: Dida Sampaio/Estadão

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"Dei minha contribuição ao Parlamento, ainda que tenha cometido equívocos", disse Maranhão. Na avaliação dele, o principal erro foi ter anulado, em 9 de maio do ano passado, a votação da Câmara do dia 17 de abril que aprovou o impeachment de Dilma por 367 votos a 137. "Foi um equívoco do ponto de vista político, jamais do ponto de vista jurídico", disse o deputado, que acabou revogando a anulação um dia depois, após pressão política.

O 1º vice-presidente da Câmara avaliou que errou politicamente, porque sua decisão foi contra o que a maioria da Casa queria. "Fiz por convicção política, para o momento. Mas a Casa queria o impeachment. Fui contra de início (revogar a anulação), mas depois acatei o que a Casa queria", afirmou. "A política é feita pelo fato e tempo. O fato foi a minha decisão. E o tempo vai mostrar que o País saiu da crise", acrescentou.

Maranhão reconheceu que foi alvo de muitas críticas de outros parlamentares por atitudes como a anulação da votação do impeachment, mas acredita que, passado o tempo, as pessoas o entenderam. "Muitos dos que me criticaram hoje convivem comigo e conhecem minha índole. Sou produto do povo, sobretudo, do povo mais pobre", disse o parlamentar maranhense.

Quando assumiu interinamente a presidência da Câmara, após o afastamento do hoje deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em 5 de maio de 2015, Maranhão enfrentou resistência e protestos de integrantes vários partidos, que o acusavam de não ter condições de comandar a Casa. A questão só foi resolvida após a renúncia de Cunha e a eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidência da Câmara.

Senado. Investigado pela Operação Lava Jato, o deputado do PP diz que vai trabalhar para se eleger senador pelo Maranhão em 2018 na chapa do governador Flávio Dino (PCdoB), que tentará reeleição. "A minha disposição é essa: disputar o Senado. Vou tentar mostrar que sou viável na base", disse. A vaga foi prometida por Dino em troca do voto do parlamentar contra o impeachment de Dilma Rousseff.

Na eleição de 2018, quando duas vagas para o Senado estarão em disputa, Maranhão deve ter como adversários a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), filha do ex-presidente José Sarney (PMDB), o ex-governador José Reinaldo (PSB) e o algum indicado do senador Edison Lobão (PMDB), que não deve disputar reeleição. Outro adversário deve ser o senador João Alberto (PMDB), que pretende tentar se reeleger.

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