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Manifestantes voltam a invadir Tucuruí e queimam veículos

Cerca de 400 do Movimento dos Atingidos por Barragens cobram pagamento de indenização da Eletronorte

Por Carlos Mendes e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Dois tratores, um ônibus e um caminhão foram queimados nesta quinta-feira, 6, por 400 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Desde a última quarta, eles ocupam o canteiro de obras das eclusas da hidrelétrica de Tucuruí para cobrar das Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte) o pagamento de indenização a mais de cem famílias e também do seguro dos pescadores da região, impedidos de exercer a atividade durante o período de reprodução dos peixes no lado de Tucuruí e no rio Tocantins. É a terceira vez este ano que a usina é invadida O clima era tenso durante a tarde desta quinta no local da invasão. Há 16 veículos ameaçados de destruição e incêndio caso a Eletronorte se recuse a negociar com os líderes das famílias. A empresa não quis se manifestar sobre os atos de vandalismo, informando apenas que havia ingressado com liminar de reintegração de posse na Justiça Federal. Diz que a invasão não prejudica a produção de energia elétrica e nega ter recebido qualquer pauta de reivindicações. A coordenadora do MAB, Euvanice Furtado, acusou a Eletronorte de fugir de sua responsabilidade no acordo proposto pelas famílias. Elas não aceitam o valor das indenizações, estabelecida de R$ 4 mil a R$ 15 mil, e querem aumentar para até R$ 60 mil. "A empresa sequer compareceu para conversar nem mandou representante", contou Furtado. O temor dela é de que os invasores fiquem ainda mais revoltados do que estão e destruam outros bens das empresas contratadas pela Eletronorte. MAB Em nota, o MAB diz que o acordo firmado entre as famílias, o governo federal e a Eletronorte teria sido desrespeitado. "Eles prometeram várias coisas. Mas a única cumprida, e com atraso, foi a entrega de cesta básica. Serão quatro e já na primeira eles demoraram a entregar. Cansamos de esperar", ameaça o movimento. "A situação está muito difícil para mim e para minha família. Eles não pagaram o seguro e nós estamos sofrendo muito", disse o pescador Martins Filho. Ele revelou que está "passando fome" e quer uma solução da Eletronorte. Os manifestantes já haviam ocupado o canteiro de obras no mês de outubro, fazendo uma série de reivindicações. Antes, em maio, outra invasão atingiu a sala de controle e a casa de máquinas da usina. Por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Exército deslocou um batalhão de soldados e policiais federais para desocupar o local, já que os manifestantes estavam brincando com os equipamentos. Um deles, o líder do MAB, Roquevan Silva, chegou a fingir que apertava um botão da sala de controle diante das câmeras de televisão.

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