Malária atinge aldeia katukina no Rio Biá

Tribo não tem acesso a rádio de comunicação e nem há agentes de saúde ou medicamentos no local

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Por Roberto Almeida
Atualização:

Diego Katukina, 3 anos, tinha todos os sintomas. Febre intermitente alta, chorava sem parar quando chegou ao barco Kukahã, da expedição da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari, parado no rio Biá. Um teste simples, realizado em 20 minutos confirmou malária vivax, a mais fraca, mas não menos letal.

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Diego estava com o pai, Mário Jorge Katukina. Moram na aldeia Janela, a 60 quilômetros da cidade de Carauari, no oeste do Amazonas. Eles não têm acesso a rádio de comunicação. No local, não há agentes de saúde ou medicamentos para conter a malária.

No caso do menino, a doença só pode ser contida por sorte. O barco da expedição, com rádio e medicação apropriada, ficou estacionado a menos de um quilômetro da aldeia. Mário Jorge pôde trazê-lo de canoa.

Em contato com enfermeiros das bases da Frente de Proteção, o auxiliar de campo da Funai Silas Franco conseguiu uma informação preciosa: a dosagem correta de medicamento para o garoto.

Diego, que chorou quando foi feita a punção em seu dedo para coleta de sangue, chorou ainda mais para tomar o remédio diluído, amargo. Mas no dia seguinte já não teve febre. A malária começou a ser contida.

Na tarde desta sexta-feira (22), Mário Jorge e Diego reapareceram no barco para a segunda dose. A medicação segue por mais uma semana. Até lá, todo dia, no fim da tarde, eles devem voltar ao Kukahã de canoa, para acabar de vez com a doença.

Enquanto isso, a expedição realizada pela Funai em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista em busca de vestígios de isolados no Rio Biá continua. O grupo que entrou na mata, liderado pelo indigenista Rieli Franciscato, deve continuar os trabalhos pelos próximos cinco dias.

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