Maia rebate declaração de FHC sobre governos fracos que recorrem aos militares

Ministro da Saúde também discordou de FHC e defendeu medidas do governo

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Por Carla Araujo , Tania Monteiro , Daiene Cardoso e Igor Gadelha
Atualização:

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu nesta tarde a declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso de que governos que não são fortes apelam para militares. "Lamento que o presidente Fernando Henrique não tenha assumido para ele o tema da segurança pública. Talvez se em 95 o Brasil tivesse cuidado da segurança pública, a gente não estaria passando os problemas que a gente passa hoje e talvez a gente não tivesse 60 mil mortes por homicídio, por mortes violentas", declarou Maia. Ao defender o governo Michel Temer, o presidente da Câmara disse que talvez FHC esteja com "um pouquinho de inveja da decisão correta" de Temer. Ao discordar do tucano, Maia disse que não se trata de uma intervenção militar, mas da escolha de um militar como interventor que conhece o Rio de Janeiro. "É uma intervenção democrática, está prevista na Constituição e o Congresso aprovou", afirmou. Ao ser questionado sobre a escolha de um general da reserva do Exército para ocupar o cargo de ministro da Defesa, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou que, na América Latina, há casos de governos que utilizaram os militares para se fortalecer. "Governos, sobretudo quando não são fortes, apelam para os militares", citando como exemplo o final do governo do ex-presidente chileno Salvador Allende. A declaração de FHC foi dada durante o primeiro evento da série 'A Reconstrução do Brasil' do Fórum Estadão realizado nesta terça-feira, 27, em São Paulo. Maia também defendeu a criação do Ministério da Segurança Pública, disse que o governo Temer tomou a decisão correta e que a pasta já era uma demanda de seu partido. Segundo Maia, Temer teve a "coragem que outros presidentes não tiveram" ao criar o ministério. "Para o presidente Fernando Henrique, para o presidente Lula e para presidente Dilma, foi melhor a omissão neste tema do que a responsabilização sobre esse tema. É uma decisão difícil, porque a partir de agora o governo federal será demandado pela sociedade e pelos governadores", comentou. O deputado elogiou a escolha de Raul Jungmann para o novo ministério. Em sua avaliação, o ministro "sai na frente" porque já domina o tema. Maia disse que na reunião mais cedo com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), foi discutida a finalização do projeto que trata do Sistema Integrado de Segurança Pública. De acordo com Maia, a ideia é votar o tema na próxima semana. Amanhã, 28, o plenário da Casa deve votar o projeto que endurece a punição e torna hediondo o crime de explosão em caixa eletrônico. Também devem votar nos próximos dias a questão dos bloqueadores de celular em presídios. Questionado sobre o protagonismo do Legislativo e do Executivo no tema da segurança pública, o presidente da Câmara disse que para ele isso é "irrelevante".Governo. Quem também rebateu as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o ministro da Saúde, Ricardo Barros: "Não (é uma fraqueza). É uma inteligência do governo, é uma medida necessária que tem se apresentado útil", destacou Barros, após evento no Palácio do Planalto. O ministro citou ainda o uso de militares na crise em Roraima, por conta da imigração dos venezuelanos, e lembrou que as Forças Armadas também deram suporte na segurança durante os Jogos Olímpicos de 2016. "Utilizamos na Olimpíada (os militares) e não ouvi esse comentário quando o exército esteve presente", declarou. Barros disse ainda que apesar da medida de intervenção ser inédita, a utilização das Forças Armadas é um dispositivo constitucional. "Cumprir a Constituição nunca poderá ser visto como fraqueza", destacou. O ministro também minimizou o fato de o general da reserva Joaquim Silva e Luna ser o primeiro militar no comando do Ministério da Defesa e disse aos jornalistas que, apesar do ofício da imprensa ser questionar, é preciso aplaudir de vez em quando. "As medidas do presidente são absolutamente acertadas", disse.Saída. Barros afirmou que pretende sair do ministério até o fim de março, que não deve fazer indicações para o seu sucessor e que acredita que Temer saberá escolher o seu substituto. "Entrego minha tarefa e espero que presidente tenha sabedoria para escolher outro nome", disse.