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‘Maia não será candidato do governo’, diz ACM Neto

Segundo o prefeito de Salvador, prestes a ser eleito presidente nacional do DEM, candidatura do presidente da Câmara 'é para valer'

Por Igor Gadelha e Isadora Peron
Atualização:

BRASÍLIA - Prestes a ser eleito presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, afirmou nesta quarta-feira, 7, em entrevista ao Estado, que a candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) "é para valer". Não descarta, porém, alianças com outros partidos, como o PSDB, caso ele não melhore seu desempenho nas pesquisas eleitorais.

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) Foto: Valter Pontes/SECOM SALVADOR

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A candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à Presidência é para valer? Sim, a candidatura é para valer. A partir de amanhã (quinta-feira, 8), o presidente Rodrigo Maia vai cumprir uma agenda em todo o País, levando as nossas ideias, a ideia do partido, sua visão para o futuro do Brasil. E o objetivo nosso é que essa candidatura se consolide neste momento até as convenções e que, depois, ela possa de fato entrar em campo, quando o jogo começa para valer, que é a partir do período das convenções partidárias. 

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Acreditam que ele vai conseguir se viabilizar? Hoje ele tem apenas 1% nas pesquisas. Primeiro, ninguém tem bola de cristal. Segundo, acreditamos no potencial de Rodrigo. A gente entende que existe aí uma avenida para que ele possa crescer. O jogo de 2018 está completamente aberto. Ninguém é capaz neste momento de fazer um prognóstico de como vão de fato se ajustar as candidaturas mais viáveis, projetando, sobretudo, uma eventual disputa de segundo turno. Portanto, o fato de ele não aparecer hoje nas pesquisas é até compreensível, porque a candidatura dele não está colocada, nome dele não foi posto. 

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O DEM tem dito que Maia não será candidato do governo. O que se pode entender por isso? Dizermos que ele não será candidato do governo não significa dizer que ele não poderá ter apoio de partidos que integram a base do governo. No entanto, não vamos aceitar que candidatura de Rodrigo seja carimbada como uma candidatura de governo. Ela não nasce no governo, nasce de movimento do Democratas, que está se refundando, que vai ser categórico e assertivo nas suas propostas para o futuro do Brasil, e ela vai procurar agregar todas as forças que tenham identidade com essa agenda futuro. Não há veto a conversas com o MDB. Essas conversas não existem hoje, não estão na pauta de hoje, mas elas podem existir amanhã. Não acho que a gente deva vetar, neste momento, a conversa com quem quer que seja. Porém, deixando claro que essa é uma candidatura que nasce num novo movimento para a política, e não do ceio do governo ou da oposição.

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E o PSDB? Descartam uma eventual aliança no futuro? Não enxergo o PSDB como nosso adversário. Evidentemente, que quem quer receber apoio não pode descartar apoiar. Só que deixando muito claro que não vamos sentar para discutir aliança com PSDB nesse momento. O momento não é esse. O momento é de cada um trabalhar sua pré-candidatura. Se for conveniente, existir um diálogo, próximo as convenções. Não vou descartar agora, mas desde que a perspectiva seja de um caminho de mão dupla, tanto no sentido de poder apoiar, quanto no sentido de poder ser apoiado.

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Maia fala mais para o empresariado do que para o povo. Como transformar o nome dele palatável para o eleitor? ACM Neto: As eleições que levaram o PT ao poder mostraram que é fundamental que as pessoas estejam muito mais atentas à essência dos candidatos, ao que de fato eles podem fazer pelo País, do que uma imagem que se pode construir, fruto da propaganda, e a (ex-presidente) Dilma (Rousseff) talvez seja o exemplo mais categórico disso. Acho, inclusive, que esse jeito do Rodrigo de ser, que ninguém pode querer que ele mude, é um jeito que pode gerar uma sensibilidade em parte importante do eleitor, porque o Rodrigo é um cara muito sincero e acho que hoje o eleitor quer isso, quer sinceridade, quer transparência, quer que o político fale o que ele de fato pensa e pretende fazer. Tenha certeza que a pré-campanha dele não vai ser feita junto ao mercado financeiro, junto aos grandes empresários, junto às lideranças políticas. Ele vai iniciar todo um trabalho de percorrer o Brasil, de ter uma agenda na rua.

Em outras palavras, ele vai ter que tomar um banho de povo? ACM Neto: Isso é vocês quem estão dizendo. Mas a prioridade fundamental é essa, que ele possa estar nas ruas do Brasil, conversando com as pessoas, se expondo e ouvir e recolher essas sugestões da população. Rodrigo ainda tem um nível de desconhecimento muito grande e o que pode permitir que ele amplie o seu nível de conhecimento, é ter coragem para se expor. É obvio que se ele não tivesse preparado, com um conteúdo muito bem definido, para tocar no coração das pessoas, de nada adiantaria ele se expor. Diria que a estratégia é ele está pronto para se expor, para ir para as ruas, mas também está pronto para dizer o que pretende fazer pelo País, de maneira sincera, que é o estilo dele, não precisa estar dando risada, não precisa estar sendo o que ele não é. Ele tem que ser o que ele é.

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Essas declarações de que PSDB é passado não afastam os dois partidos? ACM Neto: Existe parcela importante da sociedade que deseja o fim dessa polarização que tomou conta da cena política nacional nos últimos anos. De um lado, tucanos. Do outro lado, petistas. Sinto que a sociedade espera uma proposta que entusiasme, que empolgue, que gere aderência e que esteja acima desses polos. Só que isso não me permite nesse momento tirar do PSDB o direito de trabalhar uma candidatura. Uma figura pública que, inclusive, tem muito valor, que é o governador de São Paulo. Não é agora que vamos começar a criticá-lo ou jogar pedras porque temos nosso projeto. Agora, nesse momento, confiamos muito mais no nosso projeto. A pulverização do centro não abre espaço para a esquerda? ACM Neto: Pelo contrário. O que temos hoje consolidado, nesse momento, é uma grande pulverização no campo das esquerdas, com a candidatura do PSOL, PCdoB, PDT, PT, uma sinalização do PSB. O que defendo é que nosso campo tenha responsabilidade para ir analisando a cada instante o cenário e chega a uma conclusão. Primeiro no período das convenções. É aceitável a divisão para gerar uma união no segundo turno ou é mais prudente, mais responsável tentar antecipar essa unidade já no primeiro turno? É cedo para responder. O que me parece claro é que não devemos nos fechar ao diálogo entre as pré-candidaturas que se colocam nos campos de centro.

Essa pulverização não ajudaria Bolsonaro? ACM Neto: É preciso aguardar um tempo para saber, de fato, com que tamanho Bolsonaro vai chegar às eleições. Na minha opinião, existem hoje depositados no Bolsonaro uma quantidade grande de eleitores que, quando enxergarem uma candidatura de centro mais moderada, que tenha uma proposta mais estruturada e de fato mais ao centro, acho que esses eleitores migram. Não trabalho com veto, com censura, mas honestamente não acredito que Bolsonaro seja um candidato competitivo para vencer de fato as eleições.Já decidiu se deixará a prefeitura de Salvador para concorrer ao governo da Bahia? ACM Neto: Tem sido uma decisão que tem exigido muita reflexão da minha parte, mas está chegando no prazo e vou tomar essa decisão nos próximos dias e espero que seja compreendida pelos eleitores baianos e soteropolitanos, que é quem devo satisfação, e não a líderes políticos.No manifesto que vão divulgar, o DEM, até então considerado de direita, se define como partido de centro. Por que essa mudança? ACM Neto: Porque houve ai, sem dúvida, nos últimos anos uma mudança geracional no Democratas, que veio fazendo com que o partido refinasse suas ideias. O mundo muda muito rápido, e é natural que partidos possam também mudar. O partido deve modernizar sua compreensão sobre o País, sobre a sociedade, sobre a política. E acho que é exatamente fruto dessa evolução que partido vem vivenciando nos últimos anos que voltamos a crescer e hoje estamos maduros o suficiente para apresentar ideias claras ao Brasil que nos posicionam, de fato, como um partido de centro.

Como vê o cenário da eleição sem Lula? ACM Neto: Nesse momento,futuro de Lula não depende da política, depende da Justiça. E a lei da ficha limpa diz claramente que qualquer cidadão brasileiro, e não pode haver distinção se é ex-presidente ou não, que tenha contra si condenação em órgão colegiado não pode disputar eleição. Então me parece muito claro que Lula está inelegível.

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