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Lula é recebido por Ahmadinejad no Irã

Presidente foi a Teerã para apresentar proposta do Brasil e da Turquia sobre programa nuclear iraniano

Por BBC Brasil
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Paz. Lula é recebido por Ahmadinejad em Teerã. Líder iraniano sustenta que seu programa nuclear tem fins pacíficos. Foto: Raheb Homavandi/Reuters        

 

TEERÃ - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se neste domingo, 16, com o líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã. O presidente brasileiro viajou ao Irã para apresentar ao governo do país uma proposta conjunta do Brasil e da Turquia para um possível acordo sobre o programa nuclear do país.

 

Segundo a agência estatal iraniana IRNA, Lula falou pela manhã a portas fechadas com o presidente Ahmadinejad. A agência não divulgou detalhes da conversa dos dois líderes.

O Conselho de Segurança da ONU pretende adotar novas sanções contra o Irã, já que alguns integrantes do Conselho - como os Estados Unidos - desconfiam das intenções do governo de Teerã quanto ao seu programa nuclear.

O governo iraniano sustenta que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e que o país não pretende desenvolver armas nucleares. O Brasil e a Turquia elaboraram um plano que está sendo levado por Lula a Ahmadinejad. Na sexta-feira, em encontro com Lula em Moscou, o presidente russo, Dmitri Medvedev, disse que a proposta do Brasil e da Turquia seria a última chance do Irã de evitar as sanções da ONU.

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A base da proposta turca e brasileira continuaria sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), do final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.

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Ainda neste domingo, Lula deve encontrar-se com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, entre outras reuniões com a comitiva brasileira e um encontro com o presidente do Parlamento do Irã, Ali Larijani.

No sábado, Lula e a comitiva presidencial foram recebidos no aeroporto em Teerã pelo ministro das Relações Exteriores Manouchehr Mottaki, que Lula deve voltar a encontrar no domingo.

Na segunda-feira, o presidente participa de uma reunião do G15, um grupo de cooperação entre países em desenvolvimento não-alinhados. Além de Brasil e Irã, participam do G15 Argélia, Argentina, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue.

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Em Doha Antes de embarcar para o Irã, em Doha, no Catar, Lula disse não entender o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura sobre o seu programa nuclear através do diálogo.

Na sexta-feira, Hillary Clinton reafirmou o ceticismo dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o o Irã.

Perguntando sobre a declaração de Hillary durante uma entrevista coletiva em Doha, o presidente brasileiro respondeu sem citar o nome da secretária de Estado americana.

"Eu não sei com base no que as pessoas falam [isso]", disse Lula.

"Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã", afirmou o presidente na entrevista concedida após o encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani.

Lual ainda respondeu sobre as declarações de Estados Unidos e Rússia de que a proposta de Brasil e Turquia seria a "última chance" para o Irã de evitar sanções mais duras.

"Não sei, não quero ser fatalista. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer", disse.

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Sobre as expectativas em torno de resultados de sua viagem ao Irã, Lula declarou que era uma missão tranquila.

"As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto em que o Brasil está muito à vontade. O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir."       

 

 

Amigos

Lula ainda disse que a negociação entre Brasil e Irã é entre dois países amigos.

"É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior, que é o que pode acontecer se não houver uma decisão do Irã de firmar um acordo com a agência nuclear."

Ele afirmou que a conversa que terá com o presidente Ahmadinejad será de muita franqueza e lamentou que outros presidentes não tenham conversado com o presidente iraniano.

"Se é uma coisa importante, que está no Conselho de Segurança da ONU, todos os presidentes de países que são membros permanentes deveriam ter a preocupação e o cuidado de fazer todas as conversas possíveis. Nessa hora não existe limite de tempo de conversa. Você tem de conversar para ver se consegue evitar um mal maior".

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No final, Lula também disse que queria ver o Irã com uma postura pacífica parecida com a brasileira em relação às armas nucleares.

"O que eu quero é que o Irã faça o mesmo que o Brasil faz", finalizou.

 

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