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Lula diz que querem 'massacrar o pobre coitadinho de Garanhuns'

Em evento em Brasília, ex-presidente afirma que terá direito de se defender diante de Moro em depoimento previsto para o dia 3

Foto do author Vera Rosa
Foto do author Julia Lindner
Por Vera Rosa e Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - Alvo da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 24, que está sendo “massacrado” 24 horas por dia, defendeu a regulamentação da mídia, desafiou a Justiça a provar algum desvio de conduta cometido por ele e afirmou estar ansioso pelo depoimento ao juiz Sérgio Moro, inicialmente marcado para o próximo dia 3 de maio, em Curitiba.

O ex-presidente discursa em evento da Fundação Perseu Abramo, em Brasília Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

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“Eu não sou de reclamar, mas ninguém aguenta. São quase 18 horas tentando massacrar esse pobre coitadinho que veio de Garanhuns (PE)”, afirmou Lula, no seminário Estratégias para a Economia Brasileira – Desenvolvimento, Soberania, Inclusão.

Quatro dias após o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro ter dito a Moro que Lula pediu a ele, em maio de 2014, para destruir provas sobre pagamento de propinas ao PT, o petista afirmou que os delatores sofrem “pressão” para incriminá-lo. “O que fizeram em cima do Leo dando depoimento? O cara já está condenado a 26 anos. Temos de ter claro como as coisas acontecem. Desse jeito, o cara fala até da mãe”, afirmou. Ao lembrar que hoje muitos delatores vivem em “mansões”, Lula foi ovacionado pela plateia.

O ex-presidente disse desconhecer um possível adiamento de seu depoimento a Moro, “Isso não é problema meu”, afirmou ele, ao ser questionado por repórteres quando chegou ao Centro Internacional de Convenções, em Brasília, para participar do seminário promovido pela bancada do PT. Ao discursar, Lula disse que ninguém mais do que ele deseja a “verdade” dos fatos.

“É a primeira oportunidade na qual eu vou ter de viva voz o direito de me defender. O direito que tenho de falar, porque faz três anos que estou ouvindo. Agora, parece qeue a grande prova contra mim é um pedágio”, afirmou o ex-presidente, numa referência a documentos, em poder do Ministério Público, mostrando que carros do Instituto Lula passaram por um pedágio em direção ao litoral paulista. Lula é acusado de ser o proprietário oculto de um triplex no Guarujá, que foi reformado pela OAS.

Réu em cinco ações penais, sendo três no âmbito da Lava Jato, o ex-presidente foi recebido no evento como candidato ao Palácio do Planalto. “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, gritavam os militantes do PT. Em tom irônico, ele disse que a imprensa brasileira é “democrática”. “Eu os amo de coração”, afirmou.

Com discurso de candidato, Lula disse que vai defender a regulamentação dos meios de comunicação na campanha. “Temos que dizer, durante a campanha, algumas verdades que são duras”, destacou. “Ser candidato para depois dizer que você tem que jantar com os Marinho, almoçar no Estadão... E a Veja, você vai conversar? Não vou", comentou, arrancando mais aplausos da plateia. "Eles vão ter que aprender que estão lidando com um cidadão diferente, que tem mais honra, mais caráter e é mais honesto do que eles."

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Em 40 minutos de discurso, Lula afirmou que é tratado "pior do que os outros" pela mídia. "Não vou virar as costas para vocês para não verem a quantidade de chibatadas que levei", afirmou. "Vocês sabem que sou homem de paz. Está chegando de parar com falatório e apresentar prova. Quero que mostrem R$ 1 meu fora do País. Provem um desvio de conduta, quando eu era presidente e depois da Presidência. Quero que saibam que estou com muita vontade de brigar, para fazer a boa briga", disse. "Se não sabem como sair das mentiras que inventaram, que se virem.”