O encontro programado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cujo horário ainda não foi confirmado, caminha para uma solução do impasse e manutenção do peemedebista no cargo. Para o governo, a permanência de Sarney, envolvido em denúncias de irregularidades no Senado, é essencial para as votações de interesse do governo na Casa e fundamental na aliança eleitoral para eleger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão de Lula. Por isso, a avaliação de ministros e de petistas interlocutores de Lula é de que o esforço do presidente no encontro será o de garantir apoio do governo a Sarney.
O encontro da bancada do PT no Senado com Lula está marcado para hoje, as 20 horas. A informação é do líder do partido no Senado, Aloizio Mercadante (SP), ao término da reunião da bancada. Na pauta, com o presidente,a crise no Senado e o apoio ao presidente da Casa, José Sarney.
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Os rumores de renúncia de Sarney durante todo o dia de ontem serviram de recado ao governo e foram entendidos como uma espécie de ameaça. Ciente da importância que tem para o governo e para Lula, o presidente do Senado deixou claro que se não tivesse o apoio de Lula e do PT, renunciaria.
Sem Sarney como aliado, o projeto de eleger Dilma ficaria comprometido. O partido é fundamental nos palanques e apoios estaduais. No âmbito do Senado, o risco da saída de Sarney seria a eleição de um nome da oposição ou de um partido da base, mas sem uma postura afinada com o governo. Isso, segundo avaliação de interlocutores de Lula, significaria seguidas derrotas para o governo nas votações na Casa.
Nesse quadro, a avaliação governista é que a crise no Senado é política, com a oposição tentando desestabilizar a aliança do governo com o PMDB e assumir o comando da Casa para promover dificuldades para Lula. Se a crise fosse ética, argumentam interlocutores de Lula, a defesa dos partidos que querem o afastamento de Sarney, PSDB, DEM, PDT, seria no sentido de renúncia de toda a Mesa Diretora e não apenas de seu presidente.
Na mesma avaliação, a postura da bancada do PT no Senado é vista como uma luta pela sobrevivência política dos senadores. Mais da metade da bancada - dez senadores vão disputar eleição no próximo ano - quer evitar o desgaste político de defender Sarney.
A bancada petista, que chegou a pedir o afastamento de Sarney ontem, está reunida novamente no Senado. Os petistas avaliam a posição de ontem à noite, quando, após encontro com Sarney, o líder da bancada, senador Aloizio Mercadante (SP), teve de anunciar um recuo na posição. Além disso, o partido vai tentar afinar o discurso para o encontro com Lula hoje.