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Lula defende que Temer peça antecipação de eleições presidenciais

Ex-presidente também comentou condenação de Palocci: 'Não tem nenhuma prova a não ser a delação'

Por Elisa Clavery
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta terça-feira, 27, que o presidente Michel Temer (PMDB), denunciado ontem pela Procuradoria Geral da República (PGR) por corrupção passiva, renuncie e peça a antecipação de eleições presidenciais diretas imediatamente. Para o petista, Temer deve ou não tomar essa decisão a "depender da pressão" da sociedade.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Gabriela Biló/ Estadão

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"O ideal seria um processo mais tranquilo e que o próprio Temer pudesse pedir a antecipação das eleições e a gente pudesse escolher, antes de outubro de 2018, um novo presidente da República, um novo Congresso Nacional", disse o ex-presidente em entrevista à Rádio Itatiaia de Minas Gerais. "Eu defendo as diretas imediatamente."

Para o ex-presidente, "a sociedade precisa de alguém eleito democraticamente pelo povo". Lula pondera, ainda, que apesar de Temer ter maioria no Congresso, "essa maioria está fragilizada tal é a grandeza da vontade da sociedade que o Temer deixe a Presidência".

Réu em cinco ações penais por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça, Lula afirmou que é preciso investigar o que há contra o presidente para "saber se são verídicas as denúncias". "O Temer pode cair, mas um processo qualquer que aconteça contra um presidente ou contra qualquer ser humano precisa ser investigado", disse à rádio. "Se tiver provas concretas, efetivamente o Temer não tem como continuar.

Lula disse, ainda, que não se arrepende de ter feito aliança com o PMDB enquanto estava na Presidência. "No momento, era extremamente necessário e eu não tinha bola de cristal para saber que o Temer ia dar golpe na Dilma e ajudar a fazer o impeachment."

Palocci. No dia seguinte à condenação do ex-ministro de seu governo, Antonio Palocci, pelo juiz federal Sérgio Moro, Lula falou brevemente sobre a sentença. "O Palocci foi condenado ontem, não tem nenhuma prova a não ser a delação. Fica palavra contra palavra e a pessoa não pode ser condenada por isso", criticou. "A delação não pode ser avacalhada". 

Lula aguarda, agora, a sentença de Moro relacionada ao triplex no Guarujá, mas negou qualquer fato ilícito e voltou a falar que os procuradores da Lava Jato não apresentaram provas que pudessem condená-lo. Segundo o petista, "estamos vivendo quase que um Estado policial", mesma expressão usada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, na semana passada

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"As pessoas não tem que ter prova, as pessoas são grampeadas, as pessoas são ouvidas. Até um presidente da República foi grampeado e gravado da forma mais ilegal possível", disse. Sem se alongar na crítica, Lula não especificou se falava da gravação entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, ou se fazia referência à conversa entre ele e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), gravada no ano passado pela Operação Lava Jato e divulgada por Moro. 

2018. O ex-presidente comentou o levantamento feito pelo instituto Datafolha e divulgado nesta segunda-feira, 26, em que ele aparece em primeiro lugar nas intenções de voto para 2018. Repetiu que, "se for necessário, será candidato" e disse que, neste cenário, "a possibilidade de ganhar as eleições é muito grande".

O petista disse, ainda, que acha que outros nomes da esquerda vão aparecer, sem citar diretamente nenhum presidenciável, e afirmou que o processo de campanha vai fazer com que os candidatos cresçam. 

Assista na íntegra à entrevista do ex-presidente Lula: