Livro reúne pesquisas feitas com o Basômetro

Cientistas políticos analisam comportamento do Congresso desde 2003 a partir de 1.310 votações compiladas por 'Estadão Dados'

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Por Daniel Bramatti
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Uma inédita parceria entre a ciência política e o jornalismo de dados resultou em um livro que esquadrinha, em dez ensaios, o comportamento do Congresso a partir do grau de governismo de partidos e parlamentares nas gestões Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Análise Política & Jornalismo de Dados - Ensaios a Partir do Basômetro (FGV Editora), reúne textos de 13 pesquisadores sobre presidencialismo de coalizão, padrões de votação no Legislativo e governismo na política brasileira, entre outros temas. Os textos da obra, que será lançada no sábado, são fruto de análises feitas a partir do Basômetro, ferramenta interativa do Estadão Dados - núcleo de jornalismo de dados do Grupo Estado - que permite a medição do nível de governismo de partidos e parlamentares na Câmara e no Senado, além de bancadas temáticas, como a dos ruralistas e a dos evangélicos. "Parque de diversões para cientistas políticos", na definição do pesquisador Humberto Dantas, um dos organizadores do livro, o Basômetro reúne informações sobre 1.310 votações nominais - com registro da posição de cada parlamentar - nos governos Lula e Dilma. A base de dados compila cerca de 580 mil votos sobre proposições legislativas desde 2003. A interface gráfica do Basômetro permite que o usuário veja como os partidos se posicionam, tomando como critério a orientação do líder do Governo. Assim, é possível saber quem são as legendas e os congressistas mais e menos governistas, com taxas estabelecidas pelo próprio pesquisador. A interatividade permite recortes por datas específicas ou períodos de tempo, comparação entre duas ou mais siglas e análises da atuação das bancadas de cada Estado. "Não há banco de dados que seja melhor para se trabalhar", diz Dantas. "Outros sistemas permitem a análise dos votos como um todo, mas o Basômetro mostra com muita clareza quem são os indivíduos que votam de forma diferente de seus pares, por exemplo."Agilidade. A facilidade de uso e a abrangência dos dados também são destacados por Marco Antonio Teixeira, coorganizador do livro. "O fato de todos esses dados estarem reunidos no mesmo lugar dá uma agilidade muito grande para quem está desenvolvendo pesquisas." Um dos aspectos que Teixeira pôde constatar ao usar a ferramenta foi a força das chamadas bancadas parapartidárias. "Apesar de haver grande coesão nos partidos, às vezes as bancadas se fragmentam completamente em determinadas votações, nas quais predominam os interesses de grupos. Isso mostra que talvez seja necessário estudar mais as bancadas religiosas, as de grupos econômicos, as corporativas." O resultado das pesquisas consagra um dos objetivos do Estadão Dados ao criar o Basômetro, o de dar instrumentos para que os usuários fizessem sua própria leitura. "O livro sobre o Basômetro é a melhor prova de que, quando o jornalismo de dados dá ao usuário o poder de criar sua própria narrativa, coisas surpreendentemente boas podem acontecer", diz José Roberto de Toledo, coordenador do Estadão Dados e presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), entidade em cujo congresso internacional o livro será lançado. Além de Dantas e Teixeira, o livro traz trabalhos de Carlos Melo, Leandro Consentino, Paulo Peres, Cláudio Couto, Fernando Abrucio, Ernani Carvalho, Dalson Figueiredo Filho, José Paulo Martins Jr., Sérgio Praça, Vitor Marchetti e Wagner Pralon Mancuso.

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