PUBLICIDADE

Light corta energia da UFRJ por falta de pagamento

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O corte de energia elétrica na Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na zona norte do Rio, a partir das 6 horas desta segunda-feira, e em todo o câmpus da praia Vermelha, na zona sul, a partir das 10 horas, criou um impasse entre a Light e a universidade. O motivo do corte é uma dívida de R$ 5,8 milhões, relativa ao período de janeiro a maio deste ano, reconhecida pela Reitoria, que alega não ter recursos para pagar. O reitor Carlos Lessa, que assumiu o cargo no mês passado, mandou religar a luz por conta própria e classificou de "ato de truculência" a atitude da Light. O superintendente de Grandes Clientes da empresa, Marco Donatelli, definiu como "fraudulenta" a religação da luz e prometeu medidas legais contra o reitor. O fornecimento na Praia Vermelho foi restabelecido à tarde, com geradores da Light, só nos dois hospitais do câmpus, os Instituto de Psiquiatria e de Nerurologia. Mesmo assim o atendimento ficou prejudicado. De manhã, não havia água para esterilizar o material a ser usado no atendimento ou para faxina. Alguns doentes foram levados para outros hospitais, como Gerson Silva de Paula, de 20 anos, que chegou com os pais, Sebastião e Maria Aparecida, de Itaguaí, e foi levado para o hospital Rocha Maia, em frente, para tirar uma radiografia do fêmur, com suspeita de fratura devido a uma queda. "A previsão de gastos de custeio até o fim do ano é de R$ 30 milhões e só vamos receber R$ 20 milhões", disse o sub-reitor de Patrimônio da UFRJ, Oscar Acselrad. "Na sexta-feira, negociamos com a Light e eles nos avisaram que nossa proposta era insatisfatória." Donatelli confirma a reunião e lembra que a Universidade recebeu notificação oficial sobre o corte em 28 de junho e aviso verbal da data em que ele ocorreria na sexta-feira. "Essa medida tem o objetivo de voltar às negociações com a UFRJ. Eles manifestaram só intenção de pagar, mas precisamos de um cronograma de pagamento", disse. "A Universidade está entre os cinco maiores devedores da Light, pois há débitos mais antigos que elevam a dívida para R$ 7 milhões. No total, temos uma inadimplência de R$ 500 milhões, de débitos com prazo superior a 30 dias, de instituições públicas e privadas." Segundo o superintendente, somados aos prejuízos com ligações clandestinas (gato) o prejuízo chega a R$ 1,1 bilhão, contra um lucro bruto de R$ 4 bilhões no ano passado. "Essa situação é comum a outras concessionárias e, a continuar, inviabilizará investimentos futuros", disse. "A inadimplência maior é de instituições públicas federais, estaduais e municipais." Hoje à tarde, três funcionários da Light foram impedidos pelos estudantes de desligar novamente a energia do prédio da Reitoria e uma patrulha do 17º Batalhão de Polícia Militar, da Ilha do Governador, chegou intervir. A Light prometeu voltar nesta terça-feira com segurança para cortar definitivamente a energia. O reitor Carlos Lessa, no entanto, garante não haver dinheiro para o pagamento da Light no orçamento desse ano ou de 2003 (que subirá de R$ 30 milhões para R$ 35 milhões) ou na verba de emergência de R$ 10 milhões prometida, mas ainda não liberada, pelo Ministério da Educação. "Com a verba que recebemos, podemos apenas sair de situação de miséria para extrema austeridade", disse. "Precisamos renegociar nossas contas com a Light porque a UFRJ não pode gastar mais de 30% de seu custeio com um só fornecedor como acontece atualmente."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.