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Líderes aliados criticam falta de 'timing' de Temer para votar reajuste de servidores

Para eles, os reajustes contradizem o discurso em defesa do ajuste fiscal sustentado pelo governo; aprovação do pacote foi votada no mesmo dia em que base tentava prorrogação da DRU

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Por Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Líderes de partidos da base aliada na Câmara demonstraram desconforto em ter de orientar voto favorável ao pacote bilionário de reajuste dos servidores públicos federais aprovado na madrugada desta quinta-feira, 2. Nos bastidores, muitos deles criticaram a falta de "timing" do governo Michel Temer para pedir apoio ao tema. 

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Lideranças aliadas reclamaram de ter de defender os reajustes no mesmo dia em que o governo tentava votar a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) e na semana seguinte à aprovação da previsão de déficit fiscal de R$ 170,5 bilhões. Para eles, os reajustes contradizem o discurso em defesa do ajuste fiscal sustentado pelo governo Temer. 

"O problema foi a falta de oportunidade. Ele podia ter esperado mais. Não dava para mandar um pacotão desses praticamente no dia anterior à votação da autorização para rombo de R$ 170 bilhões", afirmou um líder de um partido com cargos no governo. "Sinceramente, não entendi por que votar tantos projetos a toque de caixa", disse outra liderança.

  Foto: Alex Silva|Estadão Conteúdo

 

Na reunião com o líder do governo, deputado André Moura (PSC-SE), muitos deputados aliados questionaram o parlamentar sergipano do porquê da votação dos reajustes. "Ele só repetia: o Michel está pedindo", conta outro líder aliado. Na hora da votação, algumas lideranças não conseguiam esconder o desconforto e a pressão de suas bancadas contra a matéria. 

Para tentar se salvaguardar de possíveis críticas, o PSDB procurou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em reunião na sede da Pasta, deputados tucanos pediram explicações ao ministro sobre a fundamentação orçamentária dos projetos. Ouviram que os impactos financeiros já estavam previstos no Orçamento. 

"Se o governo disse que estava previsto no Orçamento, saímos de lá conscientes do nosso voto, mas dizendo que o governo não contasse com a gente para projetos de aumento ou criação de novos impostos", afirmou o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA). 

Oficialmente, o discurso do governo é de que Temer deu uma demonstração de valorização ao funcionalismo público. Sabe-se, contudo, que ele decidiu defender a votação para tentar diminuir a pressão do PT e dos servidores públicos. Além disso, quis mostrar que, apesar de o PT ter negociado os reajustes, foi seu governo que bancou a aprovação.

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