Lideranças pró-impeachment repudiam declarações de Dilma a jornalistas estrangeiros

Presidente voltou a criticar o processo de afastamento contra ela e afirmou que Brasil tem 'veio golpista adormecido'

Por Daniel de Carvalho
Atualização:

BRASÍLIA - Lideranças pró-impeachment divulgaram nota de repúdio às declarações feitas na manhã desta terça-feira, 19, pela presidente Dilma Rousseff a jornalistas estrangeiros no Palácio do Planalto.

Representantes do PMDB, PSDB, PSD, PSB, DEM, PRB, PTB, SD, PTN, PSC, PPS, PV, Pros e PSL, em nome de seus partidos, dizem na nota repudiar "de forma veemente o triste espetáculo que a Nação assistiu, na manhã desta terça-feira, encenado pela sra. presidente da República". Para os parlamentares, Dilma "procurou desqualificar a soberana decisão da Câmara dos Deputados do Brasil".

O deputado federal André Moura (PSC) Foto: André Dusek

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Em entrevista a jornalistas estrangeiros mais cedo, Dilma retomou as críticas ao processo de impeachment contra ela. "Estou sendo vítima de um processo baseado em uma flagrante injustiça e fraude jurídica e política e, ao mesmo tempo, de um golpe. O Brasil tem um veio golpista adormecido", afirmou.

A nota diz que Dilma "insistiu no erro" de classificar a decisão de "ilegal e golpista", "omitindo propositadamente que o rito do impeachment foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal, nos julgamentos das inúmeras e frustradas tentativas de seu governo de impedir a atuação do Poder Legislativo".

O texto salienta a aprovação do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) e afirma que, no Senado, ela poderá novamente se defender. "A sra. presidente da República desconsidera que está sendo acusada de ter cometido um dos maiores crimes que podem ser praticados por uma mandatária, já que a vítima, no caso, é toda a nação", diz a nota, que completa afirmando que Dilma, para defender-se, "inverte sua posição de autora em vítima".

"A vã tentativa de vitimização não encontra amparo no relatório da Comissão Especial, na decisão do plenário da Câmara dos Deputados, nas decisões do STF, na realidade dos fatos e na soberana vontade da ampla maioria da população brasileira", diz o texto. A nota foi lida pelo deputado André Moura (PSC-SE).

Jucá. O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), também reagiu nesta terça-feira à entrevista de Dilma e disse que ela “já estragou o país para dentro e tenta estragar para fora”. Jucá afirmou que a presidente traça um “quadro falso” ao falar em golpe e conspiração.

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“Se a presidente tivesse excesso de zelo, não passaria um quadro falso do País. Ela já estragou o País para dentro e agora estraga para fora, para os correspondentes estrangeiros. A presidente faz alarde internacional, fala de uma situação que não existe”, atacou Jucá. O senador mencionou apoios que Dilma tem recebido de líderes estrangeiros. “Ela tem apoio do Nicolas Maduro (Venezuela), do Rafael Correa (Equador), do Evo Morales (Bolívia), da Cristina Kirchner (Argentina). Não são boas companhias”, ironizou. O senador classificou de “lamentável” a postura da presidente Dilma. “É aquela história: já que não estou no barco, vou afundar o barco”.

Jucá evitou falar em um futuro governo Temer e disse que é preciso esperar a votação do impeachment no Senado. No entanto, rebateu acusações de governistas de que Temer, na Presidência da República, tentaria frear as investigações da Operação Lava Jato para proteger aliados. “Se o senado aprovar (o impeachment) e houver um governo Temer, ele apoiaria plenamente a Operação Lava Jato. Ele vai ampliar as investigações e o Ministério da Justiça terá papel preponderante. Temer é jurista, sabe da importância e apoia as investigações”, disse Jucá.