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Líder de acampamento sem-terra onde ocorreu chacina é assassinado no Pará

Rosenildo Pereira de Almeida havia deixado acampamento para fugir de ameaças após a chacina de maio, segundo ONG

Por Bibiana Borba
Atualização:
Rosenildo foi morto a tiros no mesmo dia em que fugiu de acampamento, diz ONG Foto: Divulgação/Justiça Global

Um dos líderes do acampamento onde dez trabalhadores sem-terra foram mortos no final de maio, no sudeste do Pará, foi assassinado na noite dessa sexta-feira, 7. Rosenildo Pereira de Almeida, conhecido como 'Negão', de 44 anos, foi morto a tiros na cidade de Rio Maria, a 60 quilômetros de Pau D'Arco, onde aconteceu a chacina. O caso foi denunciado pela ONG Justiça Global, que monitora os conflitos rurais na região.

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Segundo a entidade, Rosenildo havia deixado no mesmo dia a área rural onde morava, ocupada por antigos moradores da Santa Lúcia, para fugir de ameaças. Ele teria sido executado com tiros na cabeça ao sair de uma igreja.

A Polícia Federal (PF) confirmou o homicídio, mas disse não poder associar o caso com a chacina até o momento. Policiais foram deslocados neste sábado para a área do crime, onde a falta de sinal de telefonia prejudica a atualização sobre a investigação. A reportagem do Estado também tentou contato com as polícias Militar e Civil e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Pará, que não atenderam ligações. 

Em nota, a Justiça Global acusa o governo de omissão em relação à chacina em Pau D'Arco e destaca o poder dos fazendeiros paraenses. O governo do Estado afastou 29 policiais acusados de envolvimento no crime, mas ninguém foi preso até o momento. O caso agora é investigado pela PF. A Polícia Militar diz que os agentes foram recebidos a tiros na fazenda ao cumprirem uma ordem judicial de reintegração de posse. Já os posseiros afirmam que os PMs chegaram ao local atirando.

O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos também se manifestou cobrando medidas efetivas para garantir a segurança dos sem-terra no Pará. De 408 casos de conflitos por terras registrados em 2016 no Estado, 61 tiveram vítimas e apenas 15 tiveram julgamento até agora, segundo levantamento divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

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