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Lava Jato apura se partidos receberam propina da BR

Investigadores da força-tarefa tentam identificar políticos e siglas entre destinatários de repasses feitos por fornecedora da subsidiária da Petrobrás

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Por Andreza Matais
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BRASÍLIA - A Operação Lava Jato investiga se o pagamento de propina na BR Distribuidora também abasteceu o caixa de partidos nos moldes do esquema instalado na Petrobrás. A subsidiária é comandada por indicações de políticos do PMDB, PT e PTB já acusados de se beneficiarem do esquema de corrupção na estatal. O presidente da BR, José Lima de Andrade Neto, chegou ao cargo com as bênçãos do ex-ministro de Minas e Energia e senador Edison Lobão (PMDB-MA) e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Antes, Neto ocupava a Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis do ministério. Lobão foi citado pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, delator do esquema. Collor tem ainda na sua cota Luís Alves de Lima Filho (Postos de Serviço) e Vilson Reichemback da Silva (Operações de Logística). O petebista é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal acusado de receber dinheiro do doleiro Alberto Youssef, também delator do esquema. Collor recebeu do doleiro R$ 50 mil, por meio de oito depósitos em espécie. Dirigentes do PTB afirmaram ao Estado que o senador controla as indicações políticas na BR sem participação do partido, o que tem provocado disputas na legenda. Partiu do PT na Câmara a indicação de Andurte de Barros Duarte Filho (Mercado Consumidor). Ele é ligado ao ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). O partido, conforme o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços Pedro Barusco, recebeu US$ 200 milhões do esquema de corrupção na estatal. Nos últimos anos, a BR também foi usada para acomodar executivos que deixam a Petrobrás. Nestor Cerveró, ao deixar a Diretoria Internacional, foi transferido para a Diretoria Financeira da subsidiária. Ele está preso pela Lava Jato. José Raimundo Brandão Pereira, ex-braço direito de Costa, também foi para a BR ao deixar a Petrobrás, após ter sido desencadeada a primeira fase da operação da PF. A BR se tornou foco da Lava Jato na sua nona fase, após a ex-dirigente da área financeira da empresa Arxo Cintia Provesi Francisco contar aos investigadores que a empresa pagava de 5% a 10% de propina para obter informações privilegiadas e contratos na subsidiária. A partir dessas informações, a Polícia Federal prendeu, na quinta-feira, os dois sócios da empresa e o atual diretor financeiro. No local, foram apreendidos R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo. Investigadores afirmaram que Cintia não tem conhecimento sobre para quem a propina era paga, mas sabe o que ocorria dentro da empresa. Na sexta-feira, a PF começou a buscar informações sobre os destinatários dos repasses. Um dos questionamentos que seria feito ao sócio da empresa Gilson João Pereira, preso em Curitiba, era sobre quem são os agentes e os prepostos da BR Distribuidora que recebiam propina da Arxo. A partir daí será possível descobrir se partidos políticos eram os destinatários finais do dinheiro. Conforme fontes relataram ao Estado, um dos focos da apuração é saber se há ligação entre a Arxo, Cerveró e a propina na BR.

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