Lançamento de programa social vira palanque contra impeachment

Um dia depois de o PMDB desembarcar do governo, lançamento do Minha Casa Minha Vida se transformou em ato de defesa do mandato da presidente

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Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Por Murilo Rodrigues Alves e Isadora Peron
Atualização:
Dilma durante cerimônia no Palácio do Planalto Foto: André Dusek

Brasília - Um dia depois de o PMDB desembarcar do governo de Dilma Rousseff, o lançamento da terceira etapa do Minha Casa Minha Vida se transformou em ato de defesa do mandato da presidente. Representantes dos movimentos sociais que lotam o salão nobre do Palácio do Planalto se revezam na tribuna para defender a bandeira de que o impeachment da presidente é um "golpe" contra a democracia. Além das palavras de ordem costumeiras contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a imprensa, o alvo desta vez foi o vice-presidente Michel Temer. "Temer, renuncia". O vice tem sido acusado de trabalhar a favor do impeachment, para que possa assumir a Presidência no lugar de Dilma. "Não vai ter golpe" é a forma como as pessoas que se revezam na tribuna encerram os discursos. Além dos movimentos sociais, também participam do anúncio prefeitos. Os ministros Jaques Wagner (gabinete pessoal), Nelson Barbosa (Fazenda), Kátia Abreu (Agricultura) e Gilberto Kassab (Cidades).

Durante a cerimônia, a presidente Dilma Rousseff defendeu o alto volume de subsídios do Minha Casa, Minha Vida no lançamento da terceira etapa do programa. "Dinheiro público não pode resultar em muquifo, tem que resultar em casa boa e de qualidade", discursou a presidente no Palácio do Planalto. "Nós temos orgulho de subsidiar porque sabemos que a conta do bolso do trabalhador e trabalhadora brasileira, dos quilombolas, dos extrativistas, a conta não fecha se o governo não for capaz de devolver recursos tributários para garantir a melhoria das condições de vida", afirmou. A presidente Dilma afirmou que mesmo diante das "dificuldades públicas e notórias" da economia, o governo optou em não cortar os programas socais porque é preciso enfrentar um "passivo histórico" de "desigualdade imensa" no País. Ainda durante a cerimônia, a presidente começou o discurso exaltando o Minha Casa, Minha Vida com a afirmação de que só o governo dela e do antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram capazes de implementar um programa habitacional que garantisse a milhões de brasileiros o sonho da casa própria. "Lançamos o programa para enfrentar a crise em 2009 e de outro pela absoluta consciência que a questão da casa própria era uma das reivindicações mais importantes dos movimentos sociais", afirmou.

A presidente pediu que a constituição de 1988 seja respeitada e destacou que, no presidencialismo, "não existe essa conversa de que, se eu não gosto do governo, então ele cai". Dilma afirmou ainda que a eleição direta representa a maioria e classificou como má fé dizer que por isso todo impeachment está correto. "Nosso regime é presidencialista e o presidente tem que ser eleito através de eleição direta e livre. Essa eleição tem de representar a maioria do povo brasileiro e isso está previsto na constituição", disse. Com o apoio dos presentes e com aplausos, a presidente frisou que não é preciso discutir se pode ou não ter impeachment, mas ressaltou por diversas vezes a necessidade de cumprimento das leis. "Constituição tem que ser honrada e digna e reflete nossas lutas e nessa constituição está previsto que vivemos um regime presidencialista", destacou.