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Justiça manda para Supremo documentos sobre Vargas e doleiro

Juiz federal Sérgio Fernando Moro, de Curitiba, vê 'indícios' de ligação de parlamentar com laboratório controlado por Alberto Youssef

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Por Fausto Macedo
Atualização:

SÃO PAULO - A Justiça Federal no Paraná mandou nesta terça feira,13, ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatório sobre o deputado licenciado André Vargas (sem partido-PR) e seu relacionamento com o doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.Como parlamentar, Vargas tem prerrogativa de foro perante o STF, instância judicial que pode autorizar investigação sobre deputados federais. A Lava Jato é uma investigação sobre “grande esquema” de lavagem de dinheiro, que pode ter alcançado R$ 10 bilhões. A PF interceptou contatos entre o doleiro e o deputado, pelo menos 270 mensagens pelo black berry.No despacho em que remete essa parte da investigação ao Supremo, o juiz federal Sérgio Fernando Moro, de Curitiba, assinala que existem “indícios” de que o parlamentar tem participação na empresa Labogen Química Fina, laboratório cujo verdadeiro controlador é Youssef, segundo a PF.O Labogen, segundo a PF, foi usado por Youssef para tentar se infiltrar no Ministério da Saúde e obter contrato milionário para fornecimento de medicamento. Vargas, suspeita a PF, teria agido em favor do Labogen, a pedido do doleiro, para abrir as portas na Saúde.Defesa. O criminalista José Roberto Batochio, constituído por Vargas para cuidar de sua defesa, informou que o parlamentar conhece Youssef desde a infância, na cidade de Londrina (PR). Mas negou taxativamente que Vargas tenha algum tipo de sociedade com o doleiro. “André Vargas tem origem em uma família muito humilde, sempre levou uma vida modesta”, afirma Batochio.O deputado licenciado possui patrimônio de R$ 850 mil, entre bens móveis e imóveis, segundo informou o criminalista. Ele disse que não há nenhum item patrimonial de Vargas em nome de terceiros. “Podem pesquisar a família inteira. André Vargas e Youssef se conheceram na infância, depois cada um seguiu o seu caminho. Youssef se transformou no homem do Banestado (escândalo de evasão de divisas nos anos 1990), cumpriu pena e reapareceu como reabilitado pelo Poder Judiciário”, destaca Batochio.O advogado afirmou que as declarações de imposto de renda do deputado “estão disponíveis”.“É absolutamente falso que Vargas tenha participação no Labogen ou qualquer outro negócio de Youssef. O que há entre eles é apenas uma aproximação social.”Batochio argumenta que é rotina na vida de um deputado fazer indicações, em referência ao Labogen. “É uma coisa normal que uma indústria de tratores procure o deputado da região onde ela está instalada para fazer indicação a algum governo.”

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