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Jucá começa operação para 'afinar' discurso do PMDB

Em jantar realizado com integrantes da bancada do Senado, o presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR) iniciou uma operação para “afinar” o discurso dos integrantes do partido no Congresso em torno do impeachment

Por Erich Decat
Atualização:

Brasília - Em jantar realizado com integrantes da bancada do Senado, o presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR) iniciou uma operação para “afinar” o discurso dos integrantes do partido no Congresso em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O encontro, realizado em Brasília anteontem, contou com a presença da maioria dos senadores peemedebistas.

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“Dos 18 senadores, 12 estiveram presentes. Ficou decidido que o Jucá vai se reunir com as bancadas do PMDB, com os líderes para afinar o discuso tanto no Senado quanto na Câmara”, disse ao Estado, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), presente no jantar. Questionado se afinar o discurso passaria pela o tema do impeachment o peemedebista respondeu: “Não tem como não passar”. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foram alguns dos ausentes.

Além da tentativa de se construir um posicionamento conjunto dos congressistas do PMDB, Jucá também pretende convocar uma reunião da cúpula do partido para fechar questão em torno do afastamento de Dilma.

O encontro ainda não tem uma data marcada, mas deve ocorrer antes de o processo ser votado pelo plenário da Câmara. A ideia, segundo integrantes da cúpula da legenda ouvidos pela reportagem, é criar o discurso, para aqueles que ainda não se sentem confortáveis com o impeachment, de que será seguida uma orientação partidária.

Operador - Após exercer o papel de mestre de cerimônia do rompimento do PMDB com o governo, o senador Romero Jucá (RR) passou a operar pelo vice-presidente da República Michel Temer em busca de votos pelo impeachment. Ao assumir a presidência do partido na última segunda-feira, o senador recebeu duas missões. A primeira a de defender Temer dos ataques que o vice vinha sofrendo de integrantes da cúpula do PT e do Palácio do Planalto, desde a decisão do desembarque ocorrida no último dia 29.

A segunda, considerada internamente como a mais relevante, a de fazer o contraponto às ofensivas do ex-presidente Lula, que tem atuado diariamente junto à base aliada para tentar conter o avanço do processo de afastamento da presidente.

A moeda de troca utilizada por Jucá, assim como tem sido usado pelo Palácio do Planalto, é a perspectiva de ocupação de cargos federais. As conversas com os parlamentares, segundo relatos, tem por base o questionamento se preferem ficar no cargo no curto prazo em um governo combalido e que pode cair em breve, em referência à gestão Dilma; ou com Temer e o PMDB “pelos próximos dois anos e meio”.

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Movimentação. As movimentações de Jucá não têm passado desapercebidas pelo Palácio do Planalto e ministros do PMDB que, mesmo após a decisão pelo rompimento com o governo, insistem em permanecer no cargo.

O senador foi alvo de várias críticas em reunião entre os ministros do PMDB, realizada ontem no ministério de Ciência e Tecnologia. A pasta é comanda por Celso Pansera (PMDB-RJ). Segundo relatos, alguns dos ministros presentes chegaram a afirmar que “Jucá estava fiando louco” e creditaram ao senador a informação de que o partido poderia expulsar os deputados e senadores da legenda que votarem contra o impeachment. No encontro dos ministros do PMDB foram apresentados alguns balanços sobre o quadro de votação na Câmara. A avaliação dos peemedebistas ligados ao governo é de que Dilma conta hoje com 190 votos “seguros”, podendo chegar a 220. A expectativa é de que o PMDB entregue 25 votos dos 77 integrantes da bancada.