SALVADOR - O marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014, João Santana, sua mulher e empresária, Mônica Moura, e o funcionário do casal, André Luis Reis Santana, estão nesta segunda-feira, 24, na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em Salvador (BA), para prestar depoimento ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao relator do processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, Herman Benjamim. Os três estão sendo ouvidos desde as 9h20.
O processo refere-se ao suposto abuso de poder político e econômico, praticado pelos acusados, na eleição presidencial de 2014. O depoimento ocorre a portas fechadas e a imprensa não tem acesso.O casal chegou pouco antes das 9h acompanhado por três advogados.
Os novos depoimentos estão sendo colhidos depois que os ministros do TSE decidiram reabrir a fase de coleta de provas do processo. A oitiva das novas testemunhas foi um pedido apresentado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino. Eles haviam sido originalmente marcados para o dia 17 de abril, mas foram remarcados pelo ministro Benjamin. A defesa de Dilma chegou a pedir ao TSE, no dia 6 de abril, acesso às delações premiadas dos três. Os advogados dos delatores informaram que não podem comentar sobre o teor do acordo de colaboração premiada, que está ainda sob sigilo.
Segundo depoimentos de ex-executivos da Odebrecht prestados ao TSE em março, as delações premiadas de João e Mônica podem revelar detalhes do caixa 2 em campanhas do Brasil e no exterior realizadas de 2008 a 2014.
Em depoimento prestado ao juiz federal Sérgio Moro na semana passada, João Santana e Mônica Moura admitiram ter recebido recursos de caixa 2 da Odebrecht nas campanhas de Dilma Rousseff à Presidência em 2010 e 2014. Mônica admitiu o uso de caixa 2 "em todas as campanhas" da qual participou.
O julgamento da chapa Dilma/Temer deve ser retomado pelo TSE em meados de maio, já com a saída da ministra Luciana Lóssio, que deixará a Corte Eleitoral no dia 5 do próximo mês. No lugar de Luciana, entrará o ministro Tarcísio Vieira.
Durante o julgamento da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, no dia 4 de abril, o vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino disse aos ministros que João Santana e Monica Moura haviam firmado acordo de delação premiada perante a Procuradoria-Geral da República. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), então, homologou as delações premiadas de Santana, Monica e do funcionário do casal, André Reis Santana.