BRASÍLIA - A defesa de André Esteves, do BTG Pactual, solicitou ao Supremo Tribunal Federal o arquivamento do pedido de investigação sobre o suposto envolvimento do banqueiro num esquema envolvendo o embandeiramento de postos da BR Distribuidora. Se a Corte não decidir pelo arquivamento, os advogados de Esteves pedem que o caso permaneça no Supremo e não seja remetido ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
Em documento enviado ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicita ainda a remessa de uma cópia da delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral (sem partido - MS) para a 13ª Vara Federal de Curitiba a fim de que seja apurado se há relação de Esteves com o esquema.
Com base no depoimento do ex-senador, Janot sustenta que “houve pagamento de propina na negociação envolvendo o embandeiramento de postos BR em São Paulo no qual o Banco BTG era sócio do empresário Carlos Santiago”.
Um dos argumentos dos advogados é que o esquema de embandeiramento dos postos já foi analisado de maneira “extensa” na denúncia relativa ao caso contra o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) “sem que houvesse nem mesmo referência ao nome de André Esteves”.
O suposto envolvimento de integrantes do BTG no esquema já havia sido citado nos acordos de delação firmados pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró.
Esteves foi preso pela Polícia Federal em 25 de novembro, junto com Delcídio, sob a suspeita de ter participado da negociação para comprar o silêncio de Cerveró. Ele deixou a cadeia no dia 18 de dezembro. O caso é a base de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Esteves no STF, na qual são acusados formalmente também Delcídio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de outros nomes como o pecuarista José Carlos Bumlai.
Cunha. Em outro inquérito no Supremo, a ligação de Esteves com o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é investigada. A apuração também surgiu da delação do ex-senador, que disse que Cunha funcionava como "menino de recado" quando havia interesse do banco BTG em medidas provisórias que tramitavam no Congresso.
Além de argumentar que não há a necessidade de ser instaurada uma nova linha de investigação envolvendo o embandeiramento de postos, a defesa de Esteves nega a participação do banqueiro nos demais casos. Segundo os advogados, o próprio Delcídio isentou Esteves de culpa durante declarações recentes no programa Roda Viva, exibido na última segunda-feira.