PARIS - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu nesta quarta-feira, 16, seu ex-subordinado Eugênio Aragão, nomeado nesta semana ao Ministério da Justiça. Aragão foi apontado por um relatório da Polícia Federal de 2005 por supostamente atuar para convencer as autoridades americanas a não repassar documentos sobre a queda de sigilo bancário de uma empresa do publicitário Duda Mendonça, então suspeito de participação no mensalão, nos Estados Unidos.
Janot disse conhecer bem o caso e ter certeza de que Aragão, que ocupava o cargo de subprocurador-geral da República, não atrapalhou o mensalão. "O fato que foi referido, que aconteceu em 2005, eu conheço bem. O MPF conseguiu documentos na procuradoria de Nova York, e ele (Aragão) foi diretamente designado pelo procurador-geral para se inteirar e depois circularizar esses documentos de maneira que pudéssemos usá-los como prova no processo brasileiros", afirmou.
Para Janot, a intervenção de Aragão foi correta e preservou a utilidade das provas para a Justiça. "Tinha uma determinada autoridade que não era do Ministério Público Federal, de outro órgão, que simplesmente pegou esses documentos, colocou embaixo do braço e queria trazer para o Brasil. Ou seja, iria viciar a prova", lembrou.
Aragão assumiu o cargo na segunda-feira, em substituição a Wellington César Lima e Silva, que havia sido empossado 11 dias antes. Ele não pôde permanecer no cargo por decisão do Superior Tribunal Federal (STF), que decidiu que ele não poderia acumular o cargo de ministro com o de procurador do Estado da Bahia.