BRASÍLIA - O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) não acredita em uma reversão do resultado do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado. Os senadores terão de decidir se instauram o processo de impeachment - cuja admissibilidade deve ser aprovada pela Camara ainda neste domingo, 17 - e afastam a presidente Dilma preventivamente do cargo por 180 dias.
"Eu acho que não é possível reverter no Senado porque os partidos reclamaram questão. Então, na medida em que os partidos fecharam questão, os senadores tendem votar a mesma coisa, no mínimo a abertura do processo", disse o parlamentar.
O deputado criticou o envolvimento de líderes do PMDB na Operação Lava Jato e disse que o nome do vice-presidente, Michel Temer, não tem respaldo da sociedade. "Ele, Temer, também é rejeitado. Vamos viver o momento do impasse e o PSOL se declara em oposição radical a esse conluio que foi feito para esse atalho de chegada ao poder", disse Valente.
Para o deputado, o resultado da votação deste domingo vai deixar "sequelas importantes" na sociedade. "Um país dividido com uma eleição indireta, na prática, que é digna de uma república de bananas, como o que aconteceu em Honduras e no Paraguai. Só que o Brasil não é Honduras nem o Paraguai”, disse.
Na opinião de Ivan Valente, a prova da ilegitimidade do processo é que, nas justificativas dos deputados que apresentaram votos praticamente não houve citação às chamadas "pedaladas fiscais", principal fundamentação jurídica do pedido de impeachment. "Ninguém falou em pedaladas fiscais aí hoje. O que nós estamos assistindo é uma grande farsa. Uma armação que foi feita pra se tirar uma presidente da República sem crime de responsabilidade", disse.