Atualizado às 20h56
BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal divulgou nota oficial nesta sexta-feira, 24, na qual afirmou que Leon Vargas, irmão do ex-deputado André Vargas, não aparece formalmente como sócio da IT7, empresa de tecnologia que, segundo investigações da Operação Lava Jato, era usada pelo ex-parlamentar petista como duto de propinas. O banco público mantém dois contratos cuja soma é de R$ 87,4 milhões com a companhia.
Segundo a Caixa, no primeiro contrato, firmado em 2012, os donos da empresa eram João Batista Comelli Netto, Michel Lasagno Comelli, Marcelo Simões e Diego Deboni Rosseto. No segundo contrato, de 2013, os sócios são os mesmos, mas a empresa mudou o nome de IT7 Sistemas para CMSD Tecnologia. A defesa de Leon também afirma que ele nunca fez parte do quadro societário da empresa.
A informação de que Leon é sócio da IT7 consta em relatório do Ministério Público Federal de 31 de março que embasou o pedido de prisão dos dois no dia 10 de abril, quando a força-tarefa que investiga o escândalo da Petrobrás deflagrou a 11ª etapa da operação, dedicada aos negócios suspeitos de Vargas. Um relatório posterior da Procuradoria da República no Paraná, do dia 14 de abril, volta a fazer a afirmação, dizendo que um outro investigado - Marcelo Simões - era “sócio de Leon Vargas na IT7”. Mas nesse mesmo documento o Ministério Público faz uma ressalva: “Em que pese não constasse formalmente no quadro societário da IT7, (Leon Vargas) foi o principal responsável pela operacionalização da transação de lavagem de capitais envolvendo a iT7 ”.
O Estado reproduziu a informação segundo a qual Leon é sócio formal da IT7 em sua edição de sábado, dia 11 de abril, um dia depois de o caso ser revelado na 11ª fase da Operação Lava Jato, e em sua edição de ontem, quando mostrou que a Caixa e a IT7 mantêm dois contratos que somam R$ 87,4 milhões.
O Ministério Público não comentou ontem o fato de ter ligado Leon formalmente à IT7. Os procuradores, porém, consideram que o irmão do ex-parlamentar era o real controlador da empresa de tecnologia.
Desde quando as suspeitas vieram à tona, no dia 10, a Caixa suspendeu os pagamentos à IT7. O banco firmou dois contratos com a IT7 por meio de pregão eletrônico para fornecimento de licença de produtos da companhia Oracle (banco de dados) e serviços de manutenção. A empresa, segundo o banco estatal, venceu o pregão porque ofereceu o menor preço.
No primeiro contrato, pagou R$ 16 milhões, sendo R$ 13,4 milhões pela compra da licença e R$ 2,7 milhões pelos serviços de manutenção entre março de 2012 e março de 2013. Pelo segundo contrato, que vigoraria até o fim deste ano, o banco estatal pagou R$ 49 milhões pela licença e desembolsaria R$ 22,5 milhões pela manutenção do software por dois anos, de dezembro de 2013 a dezembro de 2015.
No total, o banco chegou a pagar R$ 77,5 milhões à empresa de tecnologia ligada ao irmão do ex-parlamentar.