Investigação vê 'Edgard' como nome ligado a porto

Operação Patmos suspeita de que diretor de empresa de Santos é citado na conversa entre ex-assessor de Temer e executivo do Grupo J&F

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e  Fabio Serapião e Carla Araújo
Atualização:

BRASÍLIA - Investigadores da Operação Patmos suspeitam que o diretor jurídico da Marimex Inteligência Portuária, Edgard Laborde Gomes, seja o “Edgard” citado em conversa entre o ex-assessor do presidente Michel Temer Rodrigo Rocha Loures e o executivo da J&F Ricardo Saud.

O Estado confirmou com dois investigadores que uma das linhas de investigação sobre o nome citado na gravação mira no executivo da empresa que atua no Porto de Santos.

O presidente Michel Temer Foto: Rogério Melo/PR

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A Polícia Federal perguntou a Temer sobre um certo “Edgard”. É a 47.ª indagação, de um total de 82 questionamentos ao presidente, que é alvo de inquérito na Operação Patmos por suspeita de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.

Em nota, Edgard, que é advogado, disse que já manteve um escritório no mesmo prédio em que Temer manteve uma sala “há mais de 20 anos”. Mas, apesar de afirmar que, “de uns 20 anos para cá”, ele não teve qualquer contato com o presidente, a mesma nota enviada por sua assessoria informou que os dois se encontraram na cerimônia de assinatura do decreto que prorrogou por 70 anos as concessões no Porto de Santos.

Edgard afirmou também que “houve outros contatos ocasionais, públicos, em reuniões sociais ou protocolares” com o atual presidente, mas não cita as datas nem os locais.

Temer, por meio de sua assessoria, foi taxativo e negou contato com Edgard. “O presidente Michel Temer desconhece a empresa citada e os personagens a ela relacionados”, informou o Palácio do Planalto.

Após ser confrontada com a resposta do advogado ao Estado, a assessoria de comunicação do Planalto informou que o presidente “tem contato com milhares de pessoas todos os anos” em razão de suas “atividades políticas e profissionais”. Ainda na segunda nota, a assessoria apontou que, “sobre a cerimônia citada”, cabe a cada ministério fazer os “convites relacionados aos assuntos da pasta”.

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Outro Edgard. Segundo o site Antagonista, o “Edgard” da conversa entre Rocha Loures e o executivo da J&F seria Edgar Santos Neto, citado na delação do ex-diretor da Odebrecht José de Carvalho Filho como o operador do PMDB que recebeu propina destinada a Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil de Temer.