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'Inaceitável', afirma Temer sobre invasão da Câmara

Em pronunciamento lido pelo porta-voz da Presidência, presidente condena manifestação de grupo que defende intervenção militar; ministro da Defesa chamou caso de 'inaceitável'

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Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e Tania Monteiro
Atualização:

Brasília - O presidente Michel Temer condenou nesta quarta-feira, 16, a invasão do plenário da Câmara por manifestantes. Segundo ele, ações como esta são “inaceitáveis”.

Manifestantes ocupam o plenário da Câmara contra pacote anticorrupção Foto: Lúcio Bernardo Júnior

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"Episódios como o de hoje são inaceitáveis e serão combatidos à luz da lei, em defesa da garantia de integridade de cada uma das instituições de Estado", afirmou em pronunciamento lido pelo porta-voz da Presidência, Alexande Parola.

Cerca de 50 manifestantes invadiram durante a tarde o plenário da Câmara dos Deputados defendendo o fim da corrupção, dos supersalários e intervenção militar no País. Houve tumulto, a sessão foi suspensa e o local fechado. "Em uma democracia, o valor a ser preservado é o do respeito à livre expressão e da busca de apoio pelo convencimento e pela argumentação", disse Temer.

A invasão do plenário da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, deixou o governo em estado de alerta e apreensivo com os desdobramentos do episódio. Desde o feriado, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi informado de que manifestantes de grupos favoráveis à intervenção militar prometiam fazer arruaça em Brasília. Por precaução, a pista de ligação entre os palácios do Jaburu, residência atual do presidente Michel Temer, e do Alvorada foi fechada.

O acesso só foi liberado para receber os convidados de Temer para um jantar com senadores da base aliada, também nesta quarta-feira, no Alvorada. Mesmo assim, uma das pistas ficou bloqueada porque, na avenida presidencial, estudantes protestavam contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos e a reforma do ensino médio.

O presidente também mostrou preocupação com o aumento dos protestos de servidores contra o pacote de ajuste proposto pelo governo do Rio, que terminaram em confronto com a Polícia Militar, diante da Assembleia Legislativa.

Embora no caso da invasão da Câmara o governo avalie que os atos foram organizados pela extrema direita, há no Palácio do Planalto o receio de que o clima de insatisfação acabe alimentando a volta de manifestações de rua contra Temer. Além disso, não se sabe como o mercado vai reagir à onda de protestos, que pode criar instabilidade no País no momento em que o governo tenta atrair investimentos.

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Outro foco de inquietação no Planalto está nas universidades ocupadas. Grupos ameaçam tirar à força de lá os estudantes que são contra a reforma do ensino médio e a PEC do Teto. 

Para o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a invasão do plenário da Câmara é o ápice de um processo que precisa ser detido. “Há universidades invadidas, há interrupção de ruas, avenidas e estradas e, agora, isso na Câmara. É um escárnio, um absurdo”, disse o senador. “Esse comportamento não se sustenta diante da ordem democrática.”

Jungmann. Na quinta-feira, 17,  o ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu a "punição exemplar" dos manifestantes e afirmou que eles fizeram "o reverso do que representam hoje as Forças Armadas".

Segundo ele, a Polícia Federal está investigando os responsáveis pela invasão. "Se nós não punirmos estas pessoas exemplarmente nós estaremos sancionando o desrespeito à democracia, que é uma conquista do Estado brasileiro", disse.

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O ministro ressaltou que "os militares se opõem a estes atos", pois "as Forças Armadas são um ativo da democracia, o baluarte da democracia" e "fator de estabilidade".

Além disso, acrescentou que esse tipo de invasão "é inaceitável". "Ninguém pense em arranhar, desrespeitar ou tentar destruir a democracia brasileira, porque dentro da lei e de acordo com a constituição, os militares se oporão a isso".

Jungmann também afirmou que "a partir do instante que o protesto se transforma em desrespeito, ameaça ou contestação à democracia, a coisa muda de figura". E explicou: "preocupação temos com qualquer fato que venha a perturbar a ordem". Para ele, o que tem acontecido, no entanto, são "fatos localizados".

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As declarações do ministro foram dadas após cerimônia de assinatura de acordo de cooperação para criar um programa habitacional dentro do Minha Casa Minha Vida para praças das Forças Armadas.

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