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Impeachment ‘só vai piorar’ o País, afirma Renan Filho

Atualizado às 16h50

Por Isadora Peron
Atualização:

MACEIÓ - Herdeiro político do presidente do Senado, o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), afirma não acreditar que o pai, Renan Calheiros (PMDB-AL), vá romper com o governo. Segundo ele, Calheiros sempre "garantiu a governabilidade" e vai continuar neste caminho. Apesar dos relatos de dificuldade para ter acesso aos recursos federais e críticas à condução da política econômica, Renan Filho diz não ver motivos para um impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Alguém acha que isso vai melhorar o País? Eu acho que só vai piorar", afirmou o governador ao Estado.

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A seguir, os principais trechos da entrevista:

O sr. acredita que o presidente do Senado pode tomar o mesmo caminho do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e romper com o governo?

Acho que não. Não foi o partido que fez aquilo e eu acho que, no PMDB, não tem outras pessoas com o mesmo posicionamento de Cunha. Não é o só senador Renan. É o senador Renan, os ministros do PMDB, o vice-presidente Michel Temer, outros senadores, outros deputados. O próprio Cunha disse que aquela decisão era uma decisão dele, pessoal. Ele usou inclusive essa palavra.

Renan Filho (PMDB) é herdeiro político de Renan Calheiros em Alagoas Foto: Dida Sampaio/Estadão

Mas o senador Renan tem se afastado cada vez mais do governo.

O senador Renan, historicamente, sempre garantiu a governabilidade do País. Ele sempre foi nessa direção. Eu não acredito que ele vá caminhar em outra linha, até porque o País não aguenta, neste momento, o jogo do quanto pior, melhor. Eu acho que ele vai fazer o necessário para que o País possa enfrentar a crise econômica, que, aliás, é o que ele tem feito. Tudo que tem chegado ao Senado, ele tem tentado dar velocidade. É lógico que, diante de um clima político tão duro, às vezes não se consegue fazer tudo.

Mas ele também fez muitas críticas ao pacote do ajuste fiscal. O que o sr. achou das medidas?

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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que é um homem muito preparado, está trabalhando, está lutando. Mas o ajuste não pode ser o ajuste pelo ajuste, ele tem que construir caminhos para o Brasil. A sociedade tem que entender isso. Essa redução de popularidade da presidente é, em parte, consequência disso. As pessoas não sabem bem qual vai ser a saída da crise. A incerteza, a falta de previsibilidade, atrapalha ainda mais a economia.

Recentemente, o sr. e os demais governadores do Nordeste assinaram uma carta de apoio a Dilma. Não há motivos para o impeachment da presidente?

Politicamente, ninguém é a favor do impeachment. Não pode haver impeachment por baixa popularidade. Essa modalidade não existe. A presidente não tem ainda razão jurídica, objetiva, para impedimento. A carta foi nesse sentido. Todos nós concordamos com isso. O Brasil elegeu seus representantes. Tem que respeitar isso. Agora, por conta dos problemas, da baixa popularidade, da crise na economia, e até mesmo da Operação Lava Jato, querer impedir a presidente? Isso não é o caminho para o País. Alguém acha que isso vai melhorar o Brasil? Eu acho que só vai piorar.

Todos os Estados estão sofrendo muito com a crise econômica. Como está a relação de Alagoas com o governo federal? 

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Os repasses do FPE (Fundo de Participação dos Estados) estão tendo um comportamento muito atípico. No ano, teve um pequeno crescimento, mas este mês teve uma queda muito forte. E se o próximo mês for como esse? A gente não sabe qual vai ser o comportamento da economia. Aqui, em Alagoas, ampliava-se entre 6% e 10% a arrecadação anualmente nos últimos dez anos. Mas o Brasil gerava empregos aos milhões. Este ano é diferente, vai gerar desemprego aos milhões. Qual vai ser o reflexo disso na economia? Ninguém sabe direito onde isso vai parar, mas eu acho que o governo federal está tentando buscar uma saída.

O sr. esperava mais apoio do governo?

O que se pode fazer? Não tem dinheiro. Tive notícias de que a Polícia Federal está sem combustível para os carros, o Incra ou outro órgão que tem sede na zona rural teve a energia cortada. Está muito duro. Muito duro mesmo. É um ano de aperto de cinto.

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