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Igreja Católica vai liderar protesto na Base de Alcântara

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Igreja Católica e os movimentos de defesa dos sem-terra fazem no próximo domingo mais duas manifestações destinadas a chamar a atenção para os problemas da zona rural. Uma delas será em Alcântara, a 22 quilômetros de São Luís, no Maranhão. A outra, em União dos Palmares, interior de Alagoas - o Estado, que, segundo a liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), apresenta a situação mais crítica do País no terreno da reforma agrária. A manifestação de Alcântara foi organizada pela diocese da região. "Não queremos nenhum tipo de confronto, mas sim estimular o diálogo com as autoridades, para resolver o problema das famílias que há 22 anos vivem uma situação de incerteza diante do futuro", diz o bispo d. Ricardo Paglia. O ato, que termina com a celebração de uma missa, também servirá para protestar contra o acordo de cessão da Base de Alcântara para os Estados Unidos. O MST está encabeçando ações contra os termos do acordo, que está sendo discutido no Congresso, por considerá-lo uma afronta à soberania nacional. Nos últimos dias, a liderança nacional do movimento convocou os grupos de sem-terra da região para participarem do ato. A mobilização causou o boato de que a intenção do MST era ocupar a base. D. Ricardo desmente qualquer informação nesse sentido: "É um ato de paz, construção, diálogo". A manifestação em União dos Palmares é organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), organização vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Trata-se de uma romaria de trabalhadores rurais que se realiza há 15 anos na região, mas neste ano terá significado especial, segundo o coordenador da CPT em Alagoas, Carlos Lima. "Em nenhum outro Estado da Federação a reforma agrária andou de forma tão lenta neste ano quanto em Alagoas", diz ele. "Das 10 mil famílias que deveriam ter sido assentadas, só foram 346." De acordo com João Paulo Rodrigues, integrante da coordenação nacional do MST, outras manifestações deverão ocorrer em Alagoas até o fim do governo de Fernando Henrique Cardoso. A Romaria da Terra, que começa na noite deste sábado e termina no amanhecer de domingo, na cidade vizinha de Branquinho, terá o apoio do MST e de duas outras organizações que atuam na mesma área: Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). O MTL surgiu em Pernambuco como uma dissidência do MST e usando a sigla MT. Recentemente, com o intuito de ganhar representação nacional, associou-se a movimentos de Mato Grosso, Alagoas, Goiás e Minas Gerais e passou a chamar-se MTL. O MLST atua em Alagoas. Na terça e na quarta-feira, seus militantes bloquearam durante várias horas e em pontos diferentes a BR-101. Um motorista que tentou romper o bloqueio na quarta, na entrada do município de Messias, a 33 quilômetros de Maceió, teve o carro apedrejado. O bloqueio ocorreu depois da suspensão da imissão de posse de duas fazendas, após os proprietários terem entrado com ação na Justiça. Segundo a liderança do MLST, novas ações ocorrerão se a Justiça não voltar atrás.

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