Haddad diz ver com 'preocupação' situação do PT com avanço da Lava Jato

Para prefeito, partido não pode comprometer um projeto político porque alguns integrantes se desviaram dele; 'Há maus cristãos no mundo, mas a Igreja tem que defender o legado'

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Por Alexandre Hisayasu
Atualização:

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 24, que vê com “preocupação” a situação de seu partido, o PT, por causa do avanço das investigações da Operação Lava Jato.

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Nesta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou a 21.ª etapa da operação e prendeu o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho político de Haddad. 

“Quando você tem um sonho de transformar a sociedade em favor da igualdade e você se desvia para se apropriar de recursos ou para beneficiar quem quer que seja, você está cometendo dois crimes: o primeiro é colocar a mão em recurso público, o segundo, você está matando um projeto político”, afirmou Haddad.

Segundo ele, o PT não pode comprometer um projeto político, porque alguns integrantes se desviaram dele. “Há maus cristãos no mundo, mas a Igreja tem que defender o legado. Nós vamos ter que passar por um processo de depuração até que as pessoas reencontrem um processo de transformação social importante”, afirmou.

Para o prefeito, “crime é crime” e não há argumentos que possam justificá-lo. “Não tenho nada contra quem quer ganhar dinheiro, mas não venha para a política. Na política o salário vai ser necessariamente aquém do você ganharia no mercado. Mas se você optou por outra coisa (política), fica com essa outra coisa e garanta que você não vai matar o sonho das outras pessoas”, disse Haddad, sem citar nomes.

Eleições. A pouco menos de um ano das eleições municipais, o entorno do prefeito de São Paulo está preocupado com o desgaste do PT por causa da Lava Jato e teme que o avanço das investigações complique ainda mais a situação de Haddad, que tem a gestão em São Paulo mal avaliada, conforme as mais recentes pesquisas.

Segundo apurou o Estado, desde a prisão do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, em abril, Haddad tem reclamado do partido e solicitado informações sobre doações feitas para a campanha dele, em 2012, pela direção partidária. O temor do petista é de que Vaccari tenha repassado valores arrecadados com empresas investigadas na Lava Jato, algo que ainda não foi sequer citado pela força-tarefa.

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Haddad foi lançado candidato a prefeito pelo ex-presidente Lula em 2012 com a missão de renovar o PT e se transformar em um nome para concorrer à sucessão da presidente Dilma Rousseff em 2018.

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