Grupo sem-terra invade fazenda de amigo de Temer em Duartina

Segundo delator, João Baptista Lima Filho teria recebido R$ 1 milhão em espécie da J&F

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Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Integrantes da União Nacional Camponesa (UNC) invadiram a Fazenda Esmeralda, da empresa de João Baptista Lima Filho, ex-assessor e amigo do presidente Michel Temer (PMDB), na madrugada desta segunda-feira, 22, em Duartina, interior de São Paulo. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 300 sem-terra provenientes da região de Bauru romperam o cadeado do portão e ocuparam a propriedade.

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O delator Florisvaldo Caetano de Oliveira, apontado como o responsável do grupo J&F pela entrega de dinheiro a políticos, afirmou ter tido pelo menos dois encontros com Lima Filho. O primeiro encontro teve como objetivo conhecer o destinatário, chamado de “coronel”, e combinar a forma de entrega dos valores. No segundo encontro, Oliveira afirmar ter entregue R$ 1 milhão em espécie para Lima Filho.

Para a ocupação, o grupo, formado por integrantes de vários movimentos de luta pela terra e sindicatos de trabalhadores rurais, chegou em três ônibus e vários carros. Um porta-voz da UNC informou que a mobilização é nacional e pede a saída do presidente, acusado em delação e gravações feitas por dirigentes da empresa JBS e investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para a UNC, o presidente é sócio oculto da propriedade, registrada em nome da empresa Argeplan, de São Paulo, e de seu sócio, o ex-coronel da PM Lima Filho. A propriedade já havia sido invadida em maio de 2016 pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). Na ocasião, através de sua assessoria, Temer negou ser proprietário de qualquer propriedade rural.

A Argeplan informou, por telefone, que seus diretores ainda buscavam informações sobre a nova invasão e se manifestariam ao transcorrer do dia. Na ocupação anterior, a Argeplan informou em nota que a propriedade da empresa e de seus sócio, João Baptista, havia sido regularmente adquirida a partir de 1986 e todas as atividades nela desenvolvidas são produtivas, respeitando o meio ambiente e as relações de trabalho.