Grupo de senadores propõe eleições antecipadas para presidente e vice
Iniciativa buscará concordância de Dilma e Temer para evitar ações no Supremo; congressistas veem possibilidade de o movimento pelas eleições 'pegar' nacionalmente
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Por Fabio Fabrini
Atualização:
BRASÍLIA - Um grupo de seis senadores vai propor nesta segunda-feira, 18, eleições antecipadas para presidente e vice-presidente do Brasil. A ideia é aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) no Congresso para que a escolha ocorra em outubro, juntamente com a votação para definir os novos prefeitos e vereadores.
A iniciativa parte de Randolfe Rodrigues (Rede), João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Paulo Paim (PT-RS), Cristovam Buarque (PPS-DF) e Walter Pinheiro (ex-PT-BA, agora sem partido). Os quatro primeiros já se manifestaram contra a abertura do impeachment no Senado, que implicaria o afastamento de Dilma por 180 dias, enquanto Cristovam Buarque é a favor e Pinheiro não se posicionou.
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No grupo, contudo, há consenso de que qualquer desfecho do processo não resolverá a crise, tornando-a mais grave e aprofundando a divisão da sociedade. Antes contrários à proposta, parlamentares do PT agora também se dizem favoráveis à ideia. No fim de semana, o deputado Wadih Damous (PT-RJ), um dos principais articuladores da reação anti-impeachment, disse ao Estado que a mudança de posição se deve ao fato de os petistas "não reconhecerem no vice-presidente condições morais e jurídicas para vir a presidir o Brasil".
Do grupo de senadores que levará a proposta adiante, Cristovam Buarque afirma que a solução não envolve somente a aprovação de uma PEC, mas a concordância de Dilma e do vice Michel Temer para evitar que a questão vire um impasse no Judiciário.
"Mesmo que tenhamos dois terços da Câmara e dois terços do Senado (placar necessário para mudanças na Constituição), se eles (Dilma e Temer) entrarem no Supremo, pode ser que a corte considere que ferimos uma cláusula pétrea", explica. "Por isso, reconheço que a nossa proposta tem muita dificuldade", acrescenta Cristovam Buarque.
O grupo de congressistas, no entanto, vê possibilidade de um movimento nacional pelas eleições "pegar" diante das dificuldades que se apresentam tanto para a continuidade de um governo Dilma quanto para o início de uma gestão Temer, que não se resumem à crise econômica.
A partir de hoje, o PT e seus aliados, incluindo parte dos movimentos sociais, devem iniciar uma investida para desgastar politicamente Temer e seu grupo, que enfrentariam, nessa perspectiva, forte oposição num eventual governo.
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Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
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Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
Deputados votam impeachment de Dilma Foto: Andre Dusek/Estadão
Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
Deputado Weverton Rocha (PDT-MA) discute com colegas e gera empurra-empurra na aberturada sessão de votação do impeachment Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃO
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Imagemde deputados que votam aparece no telão da Câmara Foto: Andre Dusek/Estadão
Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
Houve gritos e empurra-empurra na abertura da sessão Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
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A sessão de votação começou com tumulto e interrupções ao discurso de abertura do presidente da casa Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino
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O deputado Paulinho da Força usou o seu tempo para cantar uma paródia de Para Não Dizer Que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré, para criticar o g... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, abriu a sessão Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA
Deputados pró e contra o governo levaram faixas, cartazes e balões Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Ao lado de Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e outros deputados da legenda, o parlamentar André Moura criticou o gestão petista Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Abertura da sessão de votação teve tumultos e manifestações individuais de parlamentares Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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Defensor do governo Dilma, o deputado Silvio Costa chamou Eduardo Cunha de "bandido, ladrão e canalha" Foto: Dida Sampaio/Estadão
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O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB RJ) abre a Sessão Especial de Votação do pedido de Impeachment pelo plenário da Câmara dos Deputados Federa... Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃOMais
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O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB RJ) abre a Sessão Especial de Votação do pedido de Impeachment Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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Aberta a sessão Especial de Votação do pedido de Impeachment pelo plenário da Câmara dos Deputados Federais em Brasília Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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Deputado Paulo Teixeira (PT SP) questiona o presidente Eduardo Cunha a presença de deputados de oposicão na mesa Foto: DIDA SAMPAIO /ESTADÃO
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O presidente de Honra do PTB Roberto Jefferson e Benito Gama (PTB - BA), que foi presidente da CPI que resultou no Impeachment de Fernando Colllor em ... Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃOMais
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Paulo Maluf (PP SP) declarou , ao chegar à Câmara, que 'não existe motivo jurídico para o afastamento da petista'.Leia aqui Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃO
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O presidente de Honra do PTB Roberto Jefferson conversa comBenito Gama (PTB - BA), que foi presidente da CPI que resultou no Impeachment de Fernando C... Foto: ANDRE DUSEK /ESTADÃOMais
Câmara dos Deputados vota processo de impeachment
Roberto Jefferson posou para fotos ao lado da filha Cristiane Brasil e de Arnaldo Faria de Sá Foto: Dida Sampaio/Estadão
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O deputado Orlando Silva (PC do B) se envolveu em discussão com parlamentares da oposição Foto: Andre Dusek/Estadão
Por outro lado, os obstáculos de Dilma serão imensos mesmo que, ao fim, ela consiga preservar a faixa presidencial, com sua base de apoio esfacelada e vários segmentos da sociedade alinhados por sua saída.
"Tenho a impressão de que estamos votando para escolher qual é o caminho que nós vamos seguir para o abismo, se é com Dilma ou com Temer", comenta Cristovam Buarque. "Nenhum dos dois lados tem condições de conduzir o País a uma situação melhor. Sem a legitimidade das urnas, eu não acredito", alega.
O PT debate a possibilidade de coletar assinaturas em uma campanha nacional pela tramitação da PEC eleitoral. A estratégia, chamada de "contragolpe", é conseguir amplo apoio popular à proposta, pressionando o Congresso a votá-la. Pesquisas de opinião mostram que a rejeição a Temer é tão grande quanto a de Dilma, o que, em tese, ajudaria o movimento a crescer.
Em conversa com jornalistas, a própria presidente admitiu "respeitar" uma solução para a crise que passe pelo voto popular. A solução agradaria não só o PT, diante do impasse que vive o governo, mas partidos como o PSDB e a Rede, interessados em lançar candidatos.