Governo busca voto de Maluf na comissão

Para Planalto, deputado, que se diz a favor do impeachment, pode mudar posicionamento

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Por Daiene CardosoJulia LindnerTânia Monteiro e BRASÍLIA
Atualização:

O Planalto elegeu o voto do deputado Paulo Maluf (PP-SP) na Comissão Especial do impeachment como determinante para ser perseguido até segunda-feira, quando o relatório favorável ao impedimento da presidente Dilma Rousseff será apreciado no colegiado. A busca pelo parlamentar parte do princípio de que ele pode mudar novamente sua posição e ser, nas contas do governo, o 33.º voto de desempate em favor da petista.

Maluf migrou nos últimos dias de uma posição contra o impeachment para, primeiro, uma posição indefinida e, depois, para uma favorável. Além dele, o governo vai passar o fim de semana empenhado em conseguir mais votos para derrubar o relatório. Há 65 votantes na comissão. Segundo o Placar do Impeachment do Estado, até as 20h30 de ontem, 35 deputados do colegiado são a favor do impeachment. Na quarta-feira, o relator Jovair Arantes (PTB-GO) apresentou parecer favorável ao processo de impedimento.

Paulo Maluf (PP-SP) Foto: WILTON JUNIOR|ESTADÃO

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Ontem, a tropa de choque do governo – os ministros Ricardo Berzoini e Jaques Wagner e o assessor especial da Presidência Giles Azevedo – se reuniu para fazer esta contabilidade. O governo recomendou aos líderes que continuem investindo nos parlamentares para mostrar que argumentos para tentar afastar Dilma são “totalmente políticos”, “sem base na realidade” e “indefensáveis”.

O debate na comissão começou ontem em uma sessão amena que se estenderia até a madrugada de hoje, uma vez que 116 deputados – entre membros e não membros – se inscreveram para defender ou rechaçar o pedido de afastamento da presidente. Até as 20h, 16 inscritos haviam falado. No fim da sessão era esperada uma nova defesa oral do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.

‘Barbárie’. Integrantes da comissão, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse que, se o afastamento for aprovado, haverá cenário de barbárie social. “Barbárie é o que vão implantar aqui se esse golpe se perpetrar”, declarou. A declaração gerou um princípio de tumulto no plenário, interrompendo seu discurso. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) chegou a perguntar se o colega estava fazendo uma ameaça. Damous retomou seu discurso após a intervenção do presidente do colegiado, Rogério Rosso (PSD-DF). O petista chamou o relatório de Jovair Arantes de “imprestável”. “O relatório é ruim, é fraco. No relatório não se ouve a voz da defesa”, reclamou.

Mesmo com a pressão da oposição e o respaldo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para realizar sessões de debates no fim de semana, Rogério Rosso fechou um acordo para esgotar a fase pré-votação do parecer em uma só noite. Por causa da votação do impeachment, Cunha suspendeu as visitações públicas à Casa até o dia 17, data prevista para a votação em plenário.

Outro momento de tumulto foi marcado pela intervenção do petista Pepe Vargas (RS), que declarou que o PT não está no topo do ranking da corrupção e que PSDB e DEM são os partidos com o maior número de políticos cassados no País. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), e o deputado Mendonça Filho (PE) reagiram com gritos de “mentira”.

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