Governistas reagem à CPI da Petrobrás e pedem apurações contra adversários

Enquanto tentam impedir criação da comissão, aliados querem ampliar investigações para que casos envolvendo o PSDB e o PSB também sejam analisados pelo Congresso

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Por Redação
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Brasília - Diante da iminente abertura da CPI da Petrobrás, os aliados da presidente Dilma Rousseff passaram a defender investigações no Congresso de suspeitas envolvendo o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos, seus adversários nas eleições de outubro. Com 28 assinaturas, uma a mais que o mínimo necessário, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) protocolou ontem pela manhã o pedido de abertura de uma CPI exclusiva no Senado para investigar a Petrobrás. Para constranger a oposição, o governo orientou os parlamentares da base a anunciarem que também vão querer investigar, na mesma CPI, o cartel de trens e Metrô em São Paulo, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), e eventuais irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco, Estado governado por Eduardo Campos (PSB). "Se eu tiver um fato determinado que envolva recursos federais, eu posso tentar ampliar o objeto da investigação", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil."Por que não incluir na CPI o caso Alstom, em São Paulo, e as obras do Porto de Suape? Queremos ver Eduardo Campos explicar o Porto de Suape, alvo de denúncia de corrupção. É uma obra com dinheiro federal", emendou o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM). Os governistas não desistiram do esforço de tentar retirar assinaturas do pedido de CPI, que ainda não foi oficialmente instalada no Senado.O requerimento protocolado ontem teve apoio de três senadores da base aliada do governo e cinco considerados "independentes". Diz que a comissão investigará denúncias de irregularidades cometidas na Petrobrás entre 2005 e 2014. Quatro pontos são citados: compra da refinaria de Pasadena; pagamento de propina a funcionários da estatal pela companhia holandesa SBM Offshore para obtenção de contratos com a Petrobrás; acusação de que plataformas estariam sendo lançadas ao mar sem equipamentos de segurança; e indícios de superfaturamento na construção de refinarias. "Infelizmente o PT trata empresas estatais, como a Petrobrás, como propriedade privada. Queremos reestatizar a Petrobrás, e não submeter a empresa a grupos partidários", disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Pré-candidato à Presidência, o tucano disse que a oposição quer ler o requerimento em plenário e instalar a CPI na terça-feira. O plano da oposição é instalar uma comissão mista, com senadores e deputados. Há dois requerimentos pedindo uma CPI para investigar a Petrobrás correndo na Câmara: um deles, do PPS, já tem 178 assinaturas – sete a mais do que o mínimo necessário. O PSDB, no entanto, lidera agora nova coleta de assinaturas para sintonizar o objeto da comissão protocolada no Senado com a da Câmara. Embora Aécio tenha falado em instalar a CPI na terça-feira, cabe ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ler o requerimento em plenário. Aliado do governo, Renan tentará protelar a leitura. Ontem, ele se mostrou resignado. "Não há mais o que fazer", disse, sobre a abertura da CPI.Confronto. A ordem do Planalto é partir para o confronto com a oposição. Se não puder barrar a CPI, o governo deve fazer o presidente e o relator da comissão. Para o comando da CPI, um dos nomes mais citados é o do senador Romero Jucá (PMDB-RR). O PT tende a ficar com a relatoria. "O que não podemos admitir, de forma especial na Petrobrás, é que a questão da disputa eleitoral afete uma investigação que já está ocorrendo. É da vida", disse a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, de saída do governo – ela será substituída pelo também petista Ricardo Berzoini. Pelos cálculos do Planalto, dos 26 titulares da CPI, os partidos da base aliada terão 20. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, passou o dia de ontem ao telefone com senadores e dirigentes de partidos da base aliada. O assunto foi a CPI da Petrobrás. VERA ROSA, TÂNIA MONTEIRO, RICARDO BRITTO, ERICH DECAT, DAIENE CARDOSO, DÉBORA BERGAMASCO e DÉBORA ALVARES

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