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Gilmar Mendes diz que STF analisará posse de Lula em 20 de abril

Ministro da Corte, que também é presidente do STE, afirmou ainda que julgamento sobre ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer pode acontecer apenas no segundo semestre ou em 2017

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Por Suzana Inhesta
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente eleito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, disse nesta segunda-feira, 11, que a Corte deverá apreciar no próximo dia 20 a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva como ministro-chefe da Casa Civil. Em março, Mendes suspendeu os efeitos da posse de Lula. "Não houve demora nesse processo. Se eu adotasse o agravo regimental segundo o novo código de processo civil, levaria alguma coisa como 20 dias. Então preferi julgar o mérito, esperando a manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU) e parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR). Foi o mais rápido que eu poderia fazer", explicou.

Segundo ele, o juízo sobre o episódio foi estritamente técnico e não levou em consideração que a presença de Lula no ministério poderia "atrapalhar" o processo de impeachment de Dilma. "Não fiz essa consideração, até porque se o Lula era imprescindível ao governo poderia estar nele desde o primeiro dia", declarou.

O ministro do STF,Gilmar Mendes Foto: Carlos Humbero|STF

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O ministro voltou a falar que é contra vazamento seletivo de delações, interceptações telefônicas. "Não são condizentes com o direito. E o que falei na semana passada não é especificamente sobre o material vazado do ex-presidente Lula, disse no geral. Em algum momento temos que discutir isso, reorganizar sistemática, e colocar um pouco de ordem. Não cumprimento e não louvo vazamentos. São atos ilegais, merecem ser devidamente censurados. Tem que se ordenar isso em algum momento", comentou, completando que hoje há o que chamou de "segredo de polichinelo: alguém vaza com alguma segurança e toda hora se anuncia inquéritos para apurar vazamentos e que resultam em novos vazamentos."

Impeachment. O ministro disse que o processo de impeachment não é um golpe, mas sim uma discussão retórica, porque está previsto na constituição. "Nós já tivemos um outro episódio em 91, 92, quando foi o processo de impeachment do ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, e na época se falou em golpe, mas é uma previsão constitucional que se pode acolher ou rejeitar", declarou a jornalistas, um pouco antes de proferir a aula inaugural dos cursos de pós-graduação no Instituto de Direito Público de São Paulo (IDP São Paulo), do qual é coordenador científico.

Gilmar, porém, não quis comentar o processo impedimento da presidente Dilma Rousseff discutido nesta segunda-feira, 11 em comissão da Câmara dos Deputados. "Vamos aguardar. É um processo do Congresso, de deliberação política", falou. Sobre pedidos de impeachment do vice-presidente Michel Temer, Mendes tratou o assunto como um processo que terá um trâmite igual a outros. "Haverá um agravo regimental, será submetido ao plenário do STF, como todas as outras matérias", ressaltou.

Questionado sobre o que achava do áudio vazado de Temer nesta segunda-feira, no qual o vice-presidente discursa como se o plenário da Câmara já tivesse autorizado a abertura do processo de impeachment contra Dilma, o ministro informou que não teve a oportunidade de ouvir o material, embora tenha ouvido relatos sobre o conteúdo. "Então, não tenho juízo seguro sobre assunto. Não fiz avaliação sobre tema", disse.

Cassação. Gilmar assumirá o comando do TSE em 12 de maio e afirmou que a prioridade será a realização das eleições municipais em outubro. Questionado se o seu primeiro trabalho como presidente do Tribunal será analisar a ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, o ministro disse que não. "Esse trabalho está em fase incipiente, inicial. Talvez se consiga analisar no segundo semestre, talvez ano que vem. Passamos muito tempo discutindo a admissibilidade da ação", afimrou.

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O ministro ainda avaliou que o momento atual do País pode ser uma oportunidade "de ouro" para se realizar uma reforma política, que até então "parecia impossível". "Nós estendemos demais as práticas negativas da vida política, partidária. Todo esse modelo corrompido de relações entre empresas, partidos e poder, acredito que poderá ser revisto, a partir desse trabalho louvável da Operação Lava Jato", ressaltou.

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