O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) afirmou que vai processar o ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, "no momento certo". Em audiência na comissão de Segurança Pública da Câmara nesta quarta-feira, 9, ele rebateu as acusações feitas em um livro por Tuma Júnior, que haveria uma fábrica de dossiês no governo do PT e que voltou a ligar o ministro ao assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
"Na justiça vou esperar que esse cidadão traga prova. Não vou fazer palanque para ele e processar na hora que ele quer. Ele está no momento de gloria vendendo livro. Vou processá-lo sim, mas no momento certo", disse o ministro.
Carvalho negou que tenha dado as declarações expostas por Tuma Júnior no livro. Disse que a única menção sobre Santo André que fez ao ex-secretário foi durante uma conversa quando o Tuma Júnior era alvo de denúncias que acabaram o levando a deixar a função. Carvalho disse que relatou apenas o interesse de voltar a falar sobre o tema futuramente com o ex-secretário e negou ter feito qualquer confissão. Disse ainda que Tuma Júnior terá de provar qualquer afirmação sobre a encomenda ou fabricação de dossiê.
A audiência teve um momento de tensão quando a deputada Mara Gabrili (PSDB-SP) contou ter ouvido de seu pai, então empresário, relatos de propina na prefeitura de Santo André. "Em Santo André todo mundo conhece o senhor como o homem do carro preto que pegava essa coleta de dinheiro extorquido de empresários de transporte e do lixo e levava para o capo, como era conhecido José Dirceu", afirmou a parlamentar. Ela questionou ainda se há empenho de Carvalho para que Sérgio Sombra, apontado como mandante do assassinato do ex-prefeito, seja punido. O caso está pendente no Supremo Tribunal Federal.
Carvalho reafirmou inocência, disse que "perdeu um amigo" com a morte de Celso Daniel e que tem total interesse na verdade sobre o caso. Destacou que a investigação foi feita pela Polícia Civil de São Paulo, Estado governado pelo PSDB, e pela Polícia Federal, em 2002, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Não tenho medo nenhum daquela verdade, porque ela me dói. A morte do Celso me dói", disse. Negou ainda ter participado de qualquer esquema de recolhimento de propina.de escolha de membros para os Tribunais de Contas.