Filho de Cerveró disse temer represálias de grupo liderado por Delcídio

Bernardo Cerveró é responsável por grampear conversas que foram decisivas para a prisão de Delcídio, do seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual nesta quarta-feira

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Por Gustavo Aguiar e Beatriz Bulla
Atualização:

Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobrás, alegou ao Ministério Público Federal (MPF) que temia represálias do grupo liderado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), cuja prisão por tentar atrapalhar as investigações na Operação Lava Jato,foi decretada nesta quarta-feira, 25, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró Foto: André Dusek/Estadão

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De acordo com o relatório do MPF, em depoimento, "Bernardo Cerveró mostra-se temeroso das pessoas com quem vem mantendo tratativas causar-lhe algum mal ou a sua família, haja vista a tenacidade de sua determinação de evitar ou manipular a colaboração premiada de Nestor Cerveró".

Bernardo é responsável por grampear conversas que foram decisivas para a prisão de Delcídio, do seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. Um quarto mandado, ainda não cumprido, tem como alvo o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, que está nos Estados Unidos.

As gravações são referentes a uma reunião do grupo ocorrida em setembro, no Rio de Janeiro, e uma outra, na semana passada, sediada em um hotel de luxo em Brasília.

O grupo tentava comprar o silêncio do ex-diretor da estatal para que ele não firmasse o acordo de delação premiada com a Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato. Delcídio prometeu pagar mesada de R$ 50 mil à família de Cerveró caso o ex-diretor não o delatasse.

Segundo o relatório do MPF enviado ao STF, Delcídio "tem interesses conflitantes com a celebração de acordos de colaboração premiada" por saber "que Nestor Cerveró, por sua trajetória na Petrobrás S/A, está em posição privilegiada para delatá-lo". 

Nestor Cerveró afirmou em delação premiada firmada com o Ministério Público Federal que Delcídio Amaral praticou crimes de corrupção passiva na aquisição de sondas pela Petrobráse da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O ex-diretor também menciona que André Esteves praticou corrupção ativa em pagamento de vantagem indevida ao Senador Fernando Collor em um contrato de troca de bandeira de 120 postos de combustíveis em São Paulo.

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