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Fiador de nova meta fiscal, Renan cobra 2 ministérios

Presidente do Senado tenta tirar partido de disputa do PMDB da Câmara com o governo e quer pastas de peso para sua bancada

Por Ricardo Della Coletta , Ricardo Brito e BRASÍLIA
Atualização:
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) Foto: André Dusek/Estadão

Principal fiador da aprovação da mudança da meta fiscal, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou ontem à presidente Dilma Rousseff a "fatura" do PMDB do Senado na reforma ministerial para o próximo mandato da petista. Em conversa privada no início da noite, ele defendeu que a bancada seja contemplada com dois ministérios de peso político, sem apresentar nomes.

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Em um momento em que o PMDB da Câmara enfrenta o governo com o lançamento da candidatura do líder da bancada, Eduardo Cunha (RJ), para presidente da Casa, Renan buscou também na conversa garantir fidelidade sua e dos senadores do partido a Dilma durante o segundo mandato. Ele pretende ser reconduzido à presidência do Senado, apesar de ter sido citado na delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa como beneficiário do esquema de corrupção na estatal. Renan nega qualquer envolvimento com o caso.

O senador, na conversa com Dilma, entrou na disputa interna do partido por postos-chave na Esplanada. Além do pleito do PMDB do Senado, há demandas do vice-presidente Michel Temer, presidente nacional da sigla, e da bancada na Câmara - o que tem feito com que o Palácio do Planalto adie o anúncio dos ministros da legenda. A expectativa era de que a presidente divulgasse a fatia do PMDB nesta semana, depois da aprovação do projeto que alterou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 e permitiu, na prática, o abandono do cumprimento da meta de superávit primário (a economia que o governo faz para o pagamento dos serviços da dívida pública). O PMDB, dono da maior bancada no Senado e da segunda mais numerosa na Câmara, foi quem garantiu a votação da proposta em tempo exíguo. A conversa que Dilma teria ontem com Temer sobre reforma ministerial acabou não ocorrendo, sem previsão de nova data.

São cobiçadas pelo PMDB do Senado pastas como Minas e Energia, Cidades, Integração Nacional, Transportes e Turismo - os principais candidatos são Eduardo Braga (AM), no caso de Minas e Energia, e Eunício Oliveira (CE), se Dilma decidir entregar a Integração à legenda.

Fórmula. O governo ainda busca uma fórmula para acatar os pedidos de cada um desses três grupos - Temer, Câmara e Senado. No entanto, há dificuldades em fechar o espaço da Câmara. A bancada entrou em choque com o Planalto desde que Cunha comandou uma rebelião que imprimiu derrotas para o governo e culminou com sua candidatura a presidente da Casa.

Reservadamente, os deputados afirmam que não querem ter participação menor do que a do Senado. Eles pretendem emplacar na reforma ministerial o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), derrotado na disputa ao governo do Rio Grande do Norte e cotado para a Previdência, e um segundo nome com mandato no ano que vem - a maior aposta é o deputado Pedro Paulo (RJ), ex-secretário da Casa Civil da prefeitura do Rio.

O principal nó para a bancada é acatar as indicações de Temer, que quer manter na Esplanada o atual secretário de Aviação Civil, Moreira Franco, e tornar ministro o deputado Eliseu Padilha (RS), que atuou na coordenação do PMDB na campanha de Dilma mas não disputou a reeleição.

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Eduardo Cunha não aceita incluir Moreira Franco, seu desafeto, na cota da Câmara. Além do mais, a bancada na Casa considera que apadrinhar dois nomes de Temer seria dar poder excessivo ao vice-presidente.

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