FHC diz que Alckmin é o 'primeiro da fila', mas 'não tem lugar garantido' na disputa à Presidência

Ex-presidente adotou um tom conciliador no evento do grupo Lide, do prefeito João Doria, e chamou o governador e o prefeito de 'queridos amigos'

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Marcelo Osakabe
Atualização:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira, 11, que o prazo máximo para o PSDB realizar prévias para definir o candidato à Presidência em 2018 é março. Fernando Henrique também relativizou o comentário do presidente nacional interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), de que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), é o "primeiro da fila" na disputa. Para FHC, a fala de Tasso Jereissati tem a ver com o tempo em que Alckmin está na política. "Geraldo está há mais tempo na política. Nesse sentido, é o primeiro da fila. Isso significa que tem lugar garantido? Não", disse o ex-presidente, após uma palestra oferecida pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, organização criada pelo prefeito da capital paulista e também postulante ao cargo, João Doria (PSDB).

O governador Geraldo Alckmin (à esq), o ex-presidente Fernando Henrique (centro) e o prefeito de São Paulo João Doria (à dir). Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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FHC reiterou que acha saudável a competição na legenda e se disse feliz pela sigla ter mais de uma opção "com vontade e em posição" de se candidatar ao Planalto. O tucano declarou também não ter preferência entre a escolha do candidato via prévias ou por meio de pesquisas de opinião. "Se não estiver claro quem tem chance, o partido faz prévias", disse, ao acrescentar que as pesquisas dizem "pouca coisa" nesta altura, a cerca de um ano da eleição. "A pesquisa não é o único indicador. Tem de ver qual a ideia da pessoa, o que ela representa, quais os apoios efetivos que a pessoa tem. Não é só uma avaliação numérica, é qualitativa também", resumiu. Por outro lado, Fernando Henrique disse entender que março é a data-limite para a realização de prévias, uma vez que é preciso dar espaço às agremiações para fazer a campanha.

Amigos. No começo de sua palestra, FHC saudou os dois "queridos amigos". "O fato de estarmos juntos esta manhã me deixa realmente feliz da vida", disse o ex-presidente. Postulantes à vaga de candidato do PSDB à presidência em 2018, Alckmin e Doria trocaram afagos. "Queria registrar a alegria de estar com João Doria três dias seguidos. Estou disputando com a Bia (Doria, esposa do prefeito)", disse o governador.

Após o almoço com empresários, o ex-presidente minimizou as diferenças entre os dois tucanos. Enquanto o governador defende a realização de prévias para a escolha do candidato tucano ao Planalto, o prefeito quer que o resultado das pesquisas de opinião seja levado em consideração. "As duas coisas não se contradizem. A pesquisa vai ter peso. Mas vai ser o suficiente? Isso é outra questão."

Delações. Fernando Henrique também defendeu o instituto da delação premiada, que foi colocado em cheque após a prisão de Joesley Batista da JBS. "O fato de que a pessoa foi e é um pouco fanfarrona não é suficiente para anular delação". O ex-presidente ponderou, porém, que é preciso complementar a delação com outros indícios. "Como você pode garantir que o delator não tem outro interesse? Não pode. Tem que avaliar e complementar a delação com outras delações e elementos probatórios dos materiais que houverem." FHC defendeu a delação premiada e lembrou que o instituto foi recentemente introduzido na legislação brasileira e que está em outras democracias ocidentais. "É difícil para pessoas de outras tradições como a nossa aceitar, mas ela funciona. Funciona nos EUA e funciona bem", declarou

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