'Festival de Política' lota casa noturna em São Paulo

Celebrando a 'política sem gravata', evento da Revista Trip teve debate com Fernando Gabeira e Ronaldo Lemos

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

As filas eram as mesmas que dobram o quarteirão na rua Augusta, mas não foi para um show de música que o público foi à casa noturna Studio SP no final da tarde de domingo (18). Entre cervejas (pagas) e picolés (distribuídos de graça), 976 pessoas prestigiaram o Festival de Política Trip, uma iniciativa da editora para estimular o debate político entre os jovens.

 

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Público lotou o Studio SP para falar de política. Fotos: Paulo Liebert/AE

 

"Eu tinha a sensação de que tinha muita gente desinteressada em política, e ano que vem tem eleições importantíssimas", explicou Fernando Luna, diretor-editoral da Editora Trip. Ali, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) era o principal representante da classe. "Eu estarei em qualquer iniciativa política que não seja convencional. Espero trazer mais gente e novas ideias para o debate", disse Gabeira ao Estado, enquanto ao fundo tocava a música "Filme de Terror", de Sérgio Sampaio.

 

"Estou escolhendo canções que tenham a ver, músicas de protesto", disse o DJ Tatá Aeroplano, responsável pela discotecagem no intervalo do debates. Enquanto o DJ tocava, os microfones ficaram abertos para a participação do público. "Vocês que moram da ponte para cá deveriam atravessar e ver o que acontece pra lá", disse um rapaz, referindo-se à música dos Racionais MCs sobre a vida na periferia.

 

"Eu achei isso aqui uma p... ideia. Fiquei chocada quando eu cheguei lá fora e tinha toda aquela fila, porque às vezes a gente acha que o jovem está totalmente alienado. Não está, o jovem está afim de fazer política", disse a vereadora Mara Gabrilli (PSDB), que subiu ao palco para falar com o público por cinco minutos.

 

O primeiro show da noite ficou por conta do Maquinado, projeto paralelo de Lúcio Maia e Dengue, da Nação Zumbi. "Eu acho que se puder unir duas coisas importantes como política e diversão, é uma grande sacada", disse Maia. A banda tocou parte de seu repertório intercalado com músicas como "Zumbi" (Jorge Ben) e Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinícius de Moraes).

 

"Eu acho que tudo é uma coisa só, os músicos selecionaram o repertório para entrar no clima. Nossa ideia não é fazer um showmício", explicou Luna.

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O debate principal reuniu Gabeira, Ronaldo Lemos, do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, e Luis Felipe D'Avila, cientista político. Ninguém usava gravata. Na pauta, financiamento público de campanha (Gabeira afirmou que faz isso 'independente do projeto do [Eduardo] Suplicy'), voto distrital, corrupção, ética e o futuro da política.

 

 

A plateia, em pé, acompanhava com atenção - uma conversa mais animada era repreendida com um "shh!".

 

Em entrevista ao Estado pouco antes, Gabeira havia comentado sobre o papel da internet nas próximas eleições. "Eu acho que no ano que vem algumas ferramentas estarão mais amadurecidas. Nós ainda vivíamos no tempo do blog, hoje já é tempo do Twitter", disse.

 

Durante o debate, Ronaldo Lemos voltou ao assunto. “No ano que vem, pela primeira vez a internet vai fazer a diferenças nas eleições”, disse, defendendo o aumento do acesso à banda larga. "Hoje não se consegue exercer cidadania sem acesso à rede". O advogado aproveitou para criticar a Lei Azeredo e para falar do marco regulatório civil da internet que está sendo desenvolvido pelo ministério da Justiça com a sua consultoria. "Qual é o limite da privacidade na rede? Cada juiz tem um entendimento", disse.

 

A noite terminou com uma apresentação de fotos históricas da política nacional, que começou com Getúlio Vargas sujando as mãos de petróleo, há cinco décadas, e terminou com o presidente Lula fazendo o mesmo gesto. A mostra foi apresentada por Guilherme Weneck, diretor de redação da revista TRIP, e o fotógrafo João Wainer. No fim, o Instituto coroou o evento tocando seu repertório e releituras - entre elas, "Fight the power", do Public Enemy.

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