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Fernando Soares distribuiu US$ 8 mi em propinas à Petrobrás, afirma executivo

Segundo depoimento de empresário à Justiça, lobista apontado pela PF como operador do PMDB na estatal repassou valores para diretoria

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Por Antonio Pita
Atualização:

Rio - Apontado como operador de desvios para o PMDB, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, é acusado de ter distribuído US$ 8 milhões em propinas à diretoria Internacional da Petrobrás. Em depoimento do seu acordo de delação premiada, o executivo do grupo Toyo Setal, Julio Camargo, descreveu "em detalhes (...) a forma de pagamento e a utilização por Fernando Soares, para recebimento de saldo de oito milhões de dólares em propina".

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Fernando Soares está entre os alvos da sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, 14, que investiga esquema de lavagem de dinheiro. Nesta etapa, a Polícia Federal prendeu executivos de empreiteiras e o um ex-diretor da Petrobrás. Soares ainda não encontrado pela Polícia Federal.

As investigações apreenderam papéis, documentos e planilhas com menções a pagamentos e dívidas das empresas a Fernando Soares associados a datas, sem especificar o ano. No total, os apontamentos indicam valores de R$ 2,1 milhões. Além desses valores, trechos do depoimento do executivo da Toyo eEtal descrevem a distribuição de propinas na Diretoria Internacional.   "Júlio Camargo ainda relata, em detalhes, episódio de pagamento de propinas por intermédio de Fernando Soares à Diretoria Internacional da Petrobrás, na aquisição de sondas de perfuração pela Petrobrás, inclusive revelando a forma de pagamento e a utilização por Fernando Soares, para recebimento de saldo de oito milhões de dólares em propina, das contas das empresas Techinis Engenharia e Consultoria S/C Ltda. e Hawk Eyes Administração de Bens Ltda"

O depoimento é citado no despacho em que o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, autoriza as operações de busca e apreensão da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta. O relatório foi elaborado a partir dos depoimentos das delações premiadas, dados de sigilo bancário e fiscal, além das  investigações do Ministério Público Federal.

Ainda de acordo com o relatório, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef  "declararam que o mesmo esquema criminoso que desviou e lavou 2% ou 3% de todo contrato da área da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás também existia em outras diretorias", citando as áreas de Serviços, ocupada por Renato Duque, e na área Internacional, dirigida por Nestor Cerveró. "Nestes desvios, atuavam outros operadores que não Alberto Youssef. Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, estava encarregado da lavagem e distribuição de recursos para agentes públicos relacionados ao PMDB", indica o relatório. 

Em um trecho do depoimento de Alberto Youssef, o doleiro teria dito que "Fernando Soares operava com Paulo Roberto Costa, para o PMDB, e tinha quem operava a área de navios, que era o seu genro. E tinha um outro que se chamava Henri, que também operava quando o Partido Progressista".

Soares foi procurado pela PF nesta manhã, mas não foi localizado. A polícia já o incluiu na lista de procurados. Além da prisão, ele teve bloqueados os ativos de duas empresas que estariam em seu nome. Elas são localizadas em Ribeirão Pires (SP) e  no Rio de Janeiro. "A investigação revelou modus operandi consistente na utilização de empresas de consultoria para recebimento de propina", diz o relatório do juiz Sergio Moro.

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De acordo com as investigações, há registros de fronteira indicando que Soares esteve fora do País durante todo o mês de outubro, com intervalo entre 24 e 27 de outubro. Segundo os investigadores há indícios de que as viagens foram "motivadas por receio do processo".

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