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'Fator Fufuca' traz incerteza para votações na Câmara

Deputado de 28 anos vai assumir a presidência da Casa, porque Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai ocupar o Planalto durante a ausência do presidente Michel Temer, que vai para a China na terça-feira, 29

Por Isadora Peron e
Atualização:

BRASÍLIA - Com uma pauta cheia de temas polêmicos, a Câmara passará a ser presidida nesta terça-feira, 29, pelo deputado André Fufuca (PP-MA). Com 28 anos recém-completados no último domingo, Fufuquinha, como é conhecido em seu Estado, terá que conduzir a Casa durante votações importantes na área econômica e na tentativa de aprovar a reforma política.

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+ Conheça Fufuca, presidente da Câmara até a próxima semana

Em público, líderes da base aliada minimizam a inexperiência do deputado, mas reservadamente afirmam que o “fator Fufuca” deve influenciar nas votações. Para um deputado com bom trânsito no Palácio do Planalto, a Câmara deve “andar de lado” e ficar em compasso de espera até o presidente Michel Temer volte da China no próximo dia 6.

O deputado federalAndré Fufuca (PP-MA) Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Os parlamentares não descartam, por exemplo, que um nome com mais experiência assuma o comando das sessões durante as votações. Uma opção que pode ser acionada é o deputado Carlos Manato (SD-ES), que ocupa a quarta suplência da Mesa e está no quarto mandato.

Segundo vice-presidente da Casa, Fufuca comandará Câmara porque o atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai ocupar o Palácio do Planalto durante ausência do peemedebista. Pela ordem natural, caberia ao primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), assumir a missão, mas ele também integrará a comitiva de Temer para o encontro de líderes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Nesta segunda, Fufuca se reuniu com Temer e Maia no Palácio do Planalto para acertar agenda de votação desta semana. Segundo o deputado, a ideia é concluir nesta terça-feira, 29, os destaques que faltam da Medida Provisória que cria a Taxa de Longo Prazo (TLP), nova taxa de juros para empréstimos do BNDES.

Ele também afirmou que, se o governo conseguir costurar um acordo, pretende colocar em votação já na quarta-feira, 30, do programa de parcelamento de débitos tributários, o novo Refis. 

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Além dessas duas MPs, também é prioridade do governo aprovar esta semana a mudança da meta fiscal para 2018 e 2019. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), convocou uma sessão do Congresso para esta terça, mas a matéria ainda precisa ser aprovada na Comissão Mista de Orçamento. O colegiado se reúne às 14h30.

Já sobre reforma política, Fufuca admite que o assunto só avançará se houver consenso entre os líderes da Casa. Para ele, hoje é mais fácil votar a Proposta de Emenda à Constituição relatada pela deputada Shéridan (PSDB-RR), que acaba com as coligações nas eleições proporcionais e instituiu uma cláusula de barreira, do que o texto do deputado Vicente Cândido (PT-SP), que cria o fundo público para financiar campanha e o distritão.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) afirma que a oposição vai se mobilizar e obstruir as votações. Segundo ele, o governo deixou a “batata quente” na mão de Fufuca, e não poderá culpá-lo se nada for aprovado esta semana. “Isso é mais uma demonstração do equívoco desse governo, que já está com uma base fragmentada. Deixa claro que eles perderam o controle da relação Executivo-Legislativo”, disse.

O deputado do PP diz que não se importa com a desconfiança em relação a sua performance e que vai mostrar que o fato de ser jovem não quer dizer que não esteja preparado para assumir a presidência da Câmara. “Isso é normal, toda novidade gera questionamentos. Eu só peço que tenham paciência e avaliem as minhas ações no dia 6 de setembro, quando eu devolver a interinidade”, afirma Fufuca.

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