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'Exibicionismo da Lava Jato tira prestígio do Ministério Público', diz Renan

Presidente do Senado critica 'episódio Lula' e afirma que é preciso investigar e fazer denúncias 'que sejam consistentes' e não 'por mobilização política'

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Por Isabela Bonfim
Atualização:
Um dia após ser cassado,Cunha reclamou de seletividade do Supremo Tribunal Federal em entrevista e, em nota, citou o presidente do Senado, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Delcídio Amaral e Silas Rondeau: “Na ação penal número 982 doSupremo Tribunal Federal, decorrente da denúncia aceita baseada apenas na palavra de delatores sobre sondas da Petrobras, os mesmos delatores, nas suas delações, acusam como beneficiários das supostas vantagens indevidas montando a US$ 6 milhões os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Delcídio do Amaral e Silas Rondeau. Entretanto, a ação penal que deveria ser indivisível, segundo o Código Penal, foi aberta apenas contra mim”.Ao rebater Cunha, Renan afirmou: “Afasta esse cálice de mim. Quem planta voo, colhe tempestade”. A resposta de Cunha foi: “No mais, com todo desejo de sucesso ao Presidente do Senado no comando da Casa, e acreditando na sua inocência, espero que os ventos que nele chegam através de mais de uma dezena de delatores e inquéritos no STF, incluindoSérgio Machado, não se transformem em tempestade. E que ele consiga manter o cálice afastado dele”. Foto:

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tornou a fazer críticas ao que entende como "excessos" da operação Lava Jato. O senador acusou a Força Tarefa da investigação de "exibicionismo" e citou como exemplo a coletiva do procurador Deltan Dellagnol que centralizou o esquema de corrupção no ex-presidente Lula.

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"A Lava Jato precisa acabar com esse exibicionismo, como vimos agora no episódio do ex-presidente Lula e em outros. Isso, ao invés de dar prestígio, retira prestígio do Ministério Público e obriga o Congresso Nacional a pensar numa legislação que proteja garantias individuais e coletivas", disse o presidente do Senado. 

No Congresso tramitam diferentes propostas relacionadas a investigações, como revisão da lei de delações e a nova lei de abuso de autoridade. Renan não chegou a citar nenhum projeto em específico para dar encaminhamento, mas prosseguiu com as críticas à Lava Jato e falou em "mobilização política".

"É preciso de uma vez por todas investigar e fazer denúncias que tenham começo, meio e fim, que sejam consistentes e não fazer denúncias por mobilização política, porque com isso o País perde e as instituições perdem também", afirmou.

Anistia Caixa Dois. Renan Calheiros negou ter participado de qualquer articulação para a votação do projeto que anistia o caixa dois, emenda à uma proposta de 2007 que foi colocada em votação nessa segunda-feira, 19, na Câmara dos Deputados. 

"Eu não fui informado do teor do que conteria essa proposta, sinceramente. Eu não sei de nada, o que se pretende, qual é o texto, se é eficaz, em que momento vai votar. Isso não chegou ainda ao Senado Federal", afirmou Renan.

Mais cedo, deputados disseram que senadores participaram dos acordos para tentar votar o projeto na noite de ontem na Câmara. De acordo com fontes, Renan teria participado da articulação e, por essa razão, não abriu a sessão do Congresso Nacional, marcada para às 19h. 

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O peemedebista negou e disse que chegou, inclusive, a ir ao plenário da Câmara e apenas não abriu a sessão do Congresso porque os deputados ainda estavam trabalhando. 

Reforma política. O presidente do Senado reafirmou sua intenção de votar a PEC 36/2016, que pode diminuir a quantidade de partidos com representação no Congresso, no intervalo entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais, em outubro.

Nessa terça-feira, 20, o plenário completou a quarta das cinco sessões de discussão da PEC, para que ela possa ser votada em primeiro turno. De acordo com Renan, o regimento permite que a última sessão de discussão seja realizada no mesmo dia da votação.

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