Delator não confirma doações ilícitas para campanha de Dilma

Paulo Roberto Costa presta depoimento em ação eleitoral aberta a pedido do PSDB para apurar repasses em 2014

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Por Antonio Pita e Beatriz Bulla
Atualização:

Texto atualizado às 23h

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Rio e Brasília - O ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, em prisão domiciliar desde outubro do ano passado, prestou depoimento ontem à Justiça Eleitoral, no Rio, em processo movido pelo PSDB que apura se houve repasse de recursos desviados da estatal em forma de doações oficiais à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014.

Ontem Costa reiterou as informações dadas em sua delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, sobre um repasse à campanha presidencial do PT de 2010, mas disse não ter conhecimento de pagamentos em 2014, uma vez que deixou a Petrobrás em 2012. À força-tarefa da Lava Jato e à CPI da estatal, Costa já relatara o suposto pagamento de R$ 2 milhões à campanha de Dilma, em 2010. Segundo ele, o repasse foi feito a pedido do doleiro Alberto Youssef, que nega a afirmação do ex-diretor.

Segundo integrantes da Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral, o depoimento de ontem de Costa não trouxe fatos concretos que possam fazer a investigação avançar em relação a 2014.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrásfoi condenado a 74 anos, seis meses e dez dias de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro.No entanto, como fechou acordo de delação premiada, irá cumprir até três anos apenas. Paulo Roberto Costa foiindicado ao cargo pelo PP efoi preso em 20 de março de 2014, logo após as investigações apontarem sua relação com o doleiro Alberto Youssef. A Procuradoria diz que ele atuava como facilitador dos negócios deYoussef na estatal, tanto no período em que exercia o cargo na empresa (2004 a 2012) quanto depois, como consultor do setor petroquímico. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, havia negado, em abril, pedidos de colheita de provas e inquirição de testemunhas na ação. Noronha, então, reconsiderou a decisão. As denúncias sobre a campanha de 2010 não são objeto da análise dessa ação no TSE, que investiga a campanha de 2014.

O depoimento de Costa durou cerca de 40 minutos e foi realizado na sede do Tribunal de Justiça, no centro da cidade. O ex-diretor chegou ao local por volta das 8h30, em viatura da Polícia Federal, acompanhado de três agentes. Ele aguardou pelo depoimento na carceragem do edifício. Costa deixou o local por volta das 10h40 sem falar com a imprensa.

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral movida pelo PSDB foi aberta em 18 de dezembro, dia da diplomação de Dilma. O processo questiona a coligação da presidente por “abuso do poder econômico e político” e por “obtenção de recursos de forma ilícita”. Noronha quer esclarecer com as testemunhas se Costa e Youssef repassaram propinas aos partidos e à campanha à reeleição de Dilma.

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Além do ex-diretor e do doleiro Alberto Youssef, que será ouvido na próxima terça-feira em Curitiba, o ex-servidor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Herton Araújo foi listado como testemunha na ação. Ele prestou depoimento na semana passada, em Brasília, e confirmou que o instituto segurou dados negativos sobre o quadro socioeconômico do País durante o ano eleitoral. 

Costa já foi condenado em 1.ª instância a sete anos e seis meses de prisão por organização criminosa e lavagem de dinheiro oriundo de desvios na Petrobrás. Primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor cumpre prisão em regime domiciliar.

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