PUBLICIDADE

Ex-auxiliares de Lula acumulam escândalos; Dirceu cumpre pena

Dois mandatos foram marcados por casos de corrupção envolvendo ministros muito próximos do ex-presidente

Foto do author Julia Lindner
Por Luísa Martins e Julia Lindner
Atualização:

As investigações referentes ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) englobam desde ministros envolvidos no escândalo dos Bingos, em fevereiro de 2004, e do mensalão – esquema de compra de apoio político no Congresso pelo PT, denunciado em 2005 pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) – até a Lava Jato, que apura desvio de recursos da Petrobrás. É de seu mandato o único caso de condenação entre os políticos pesquisados pelo Estado – o do petista José Dirceu, que cumpre pena de 7 anos e 11 meses de prisão por envolvimento no esquema do mensalão enquanto era chefe da Casa Civil. Ele também foi condenado a 20 anos e 10 meses de detenção na Lava Jato. Ainda são investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) três ministros e outros quatro que exerceram cargos tanto no governo Lula quanto no de Dilma Rousseff.

PUBLICIDADE

Chamado de “capitão” do time pelo ex-presidente, Dirceu era considerado o homem forte até 2005, quando deixou o governo após o mensalão. Até então, ele brigava com o colega da Fazenda, Antonio Palocci, pelo posto de sucessor de Lula. Palocci também entrou na relação de réus anos depois e hoje está preso, no âmbito da Lava Jato.

Condenado pelo STF, Dirceu foi preso em 2013. O Ministério Público o denunciou por ser o “chefe da organização criminosa” do mensalão. No mesmo caso também estiveram envolvidos os ministros Anderson Adauto (Transportes), absolvido pelo STF, e Palocci, cujo inquérito foi arquivado no ano passado.

Ex-presidente Lula Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

Tática. Lula adotou a tática de protelar demissões. Ele só costumava dispensar aliados em reformas ministeriais ou após longos processos de desgaste.

O então ministro do Esporte Agnelo Queiroz, que à época estava no PCdoB (hoje no PT), foi alvo em 2003 de acusações de embolso de diárias pagas pelo Comitê Olímpico Brasileiro no Jogos Pan-americanos de Santo Domingo, mas permaneceu na pasta. No ano seguinte, deixou o cargo para disputar o governo do Distrito Federal. Seu nome ainda apareceu em inquérito do STF sobre desvio de R$ 40 milhões do programa Segundo Tempo, envolvendo seu então secretário executivo Orlando Silva (PCdoB), que o sucedeu. Em primeira instância, o processo corre em sigilo.

Entre os ex-ministros mais citados está Romero Jucá (PMDB-RR), atualmente senador e aliado do presidente Michel Temer. Reconhecido por sua habilidade de articular a favor do governo no Congresso, ele foi acusado em 2005 de fraudes em financiamentos do Banco da Amazônia, o que motivou a sua saída do Ministério da Previdência Social.

Outros casos. No STF, há casos de outros ex-ministros da gestão Lula, como o de Alfredo Nascimento (Transportes), atualmente deputado federal pelo PR, que responde a inquéritos que apuram irregularidades na contratação de empresas fantasmas e liberação ilegal de recursos para favorecer correligionários, e o do petista Paulo Bernardo (Planejamento), réu acusado de pedir R$ 1 milhão à Petrobrás para financiar a campanha da mulher, a ex-ministra de Dilma Gleisi Hoffmann, ao Senado.

Publicidade

Outros ministros de Lula acabaram, depois, se tornando suspeitos de participação na Lava Jato, como o peemedebista Edison Lobão (Minas e Energia) e o petista Jaques Wagner (Secretaria de Relações Institucionais e Trabalho e Emprego) – incluídos no inquérito do STF conhecido como “quadrilhão” –, sem contar Guido Mantega, preso temporariamente na 34ª fase da operação e depois solto. Há os que, já sem foro privilegiado, são alvo de investigações. Silas Rondeau (Minas e Energia), por exemplo, aparece na Operação Navalha, que apura o recebimento de R$ 100 mil, em seu gabinete de ministro, para beneficiar uma construtora em obras do governo federal. COLABORARAM BEATRIZ BULLA, IGOR GIANNASI e CLARISSA THOMÉ