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EUA ampliam investigação sobre esquema na Petrobrás em três novas contas na Suíça

Investigadores americanos já fecharam acordos de leniência com empresas brasileiras acusadas de pagar propinas para agentes públicos e políticos

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Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - Os Estados Unidos ampliaram suas frentes de investigações sobre novas contas secretas na Suíça irrigadas com recursos suspeitos provenientes do esquema de desvios e corrupção na Petrobrás em benefício de ex-diretores da estatal. Após solicitação do Departamento de Justiça americano, o Tribunal Penal Federal da Suíça autorizou o Ministério Público local a compartilhar mais dados bancários com as autoridades americanas de ao menos três supostas empresas de fachada.

EUA ampliam investigação sobre esquema na Petrobrás em três novas contas na Suíça Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

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Os investigadores americanos já fecharam acordos de leniência – espécie de delações premiadas de pessoas jurídicas – com empresas brasileiras acusadas de pagar propinas para agentes públicos e políticos brasileiros. Apesar desses acordos com as autoridades americanas e das delações premiadas no Brasil, as apurações nos Estados Unidos e na Suíça não foram concluídas e mais revelações devem ainda surgir.

 Em documento do Tribunal Penal Federal da Suíça obtido pelo Estado, o Departamento de Justiça americano aponta para suspeitas de que “uma empresa do setor de energia” obteve “contratos com a empresa brasileira Petrobrás por meio de pagamentos de propinas”. “O dinheiro teria ido para funcionários e teria sido transferido em contas na Suíça em nome de diversas sociedades que tinham o papel de intermediários”.

Essas sociedades entraram agora na mira dos investigadores americanos. A suspeita é de que os pagamentos tenham sido realizados entre 2003 e 2012. A identidade dos suspeitos é mantida sob sigilo pelas autoridades suíças. Porém, em documentos do Tribunal Penal Federal do país europeu, datados de 21 de junho, há a confirmação de que “fundos relacionados a esses atos sob investigação nos Estados Unidos teriam transitados por contas na Suíça”. 

Investigações. Já no ano passado, a Petrobrás estava na lista de mais de 80 empresas investigadas pelo Departamento de Justiça americano e pela Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos). As outras companhias brasileiras eram a Braskem e a Eletrobrás.

Em maio de 2016, os americanos solicitaram aos suíços dados sobre contas secretas nos bancos de Genebra que teriam sido usadas por intermediários para o pagamento de propinas para ex-diretores da Petrobrás. No dia 28 de julho de 2016, o MP suíço ordenou que um banco de Genebra entregasse “a totalidade de documentos” em nome de uma das empresas de fachada, cuja identidade também não foi revelada.

Depois de recolher o material, em 14 de dezembro de 2016, o MP em Berna finalmente anunciou que repassaria os dados aos EUA. Por meses, porém, a transferências desses dados ficou paralisada. Os suspeitos de terem pago propinas entraram com recurso em tribunais suíços para tentar impedir que os dados chegassem ao Departamento de Justiça americano. 

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Um dos argumentos das defesas dos suspeitos era de que a sociedade de fachada usada para a suposta transação já tinha sido fechada em 2012 e que as contas em questão já não estavam ativas desde 2010. A tese não foi aceita. Outra alegação era de que um acordo de cooperação já tinha sido assinado com os americanos em 12 de julho de 2016, o que significaria que o caso não poderia ser mantido.

Os documentos do Tribunal Penal Federal suíço agora revelam que os argumentos das defesas foram rejeitados. Os suíços rebataram as alegações afirmando que a descoberta de novas provas pode ser investigada. O MP local pode entregar às autoridades americanas documentos e extratos bancários relacionados aos supostos pagamentos. 

Investidores. Em julho deste ano, a Petrobrás obteve uma vitória parcial na Corte de Apelações do Segundo Circuito dos Estados Unidos. O tribunal aceitou em parte o pleito da estatal contra ações conjuntas movidas em primeira instância por investidores internacionais perante a companhia. Os autores dos processos requerem ressarcimento financeiro de perdas relativas a títulos adquiridos da empresa, cujos valores caíram a partir das descobertas de esquemas de desvios e corrupção com a participação de ex-diretores da companhia no âmbito das investigações da Operação Lava Jato.

A decisão favorável à estatal aponta que eram necessárias mais evidências dos investidores sobre a localização da compra dos ativos da Petrobrás e em ações movidas na Corte do Distrito Sul de Nova York. Ainda assim, o caso foi mantido. 

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