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Especialista critica estudo do Ipea sobre funcionalismo

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Por Carolina Ruhman
Atualização:

O sociólogo José Pastore, professor da Universidade de São Paulo (USP) especialista em relações do trabalho, criticou a pesquisa divulgada hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na qual o órgão avalia que não há "inchaço" do Estado brasileiro e afirma que existe espaço para a contratação de mais servidores públicos no País. "Eu sempre entendi que o Ipea fosse um órgão técnico. Ele devia se restringir às analises técnicas, como sempre o fez", afirmou.Para o sociólogo, a comparação quantitativa feita pelo Ipea sobre a participação de servidores entre o contingente total de pessoas ocupadas importa menos do que uma avaliação da qualidade e da eficiência dos serviços prestados. "O bom atendimento depende muito mais de qualidade, de eficiência, de produtividade do que de quantidade. A Suécia tem três vezes mais funcionários públicos do que o Brasil, relativamente. Será que triplicando o número de funcionários públicos no País os brasileiros terão a mesma qualidade de atendimento na saúde que têm os suecos?", questionou.De acordo com o estudo divulgado hoje pelo Ipea, o porcentual de servidores entre o contingente total de pessoas ocupadas era de 10,7% em 2005, resultado que foi considerado baixo pelo instituto quando comparado a países desenvolvidos. De acordo com o levantamento, essa relação chega a 39,2% na Dinamarca, 30,9% na Suécia, 24,9% na França e 14,8% nos Estados Unidos. A entidade mediu a participação de empregos no setor público com os dados da administração direta, indireta e empresas estatais.Segundo Pastore, não adianta aumentar o número de empregos públicos se a produtividade do serviço não acompanha esta evolução. "Pouco adianta comparar números, é preciso comparar qualidade de atendimento", disse. Pastore reconheceu que há exceções de qualidade, como o Banco Central (BC) e o Ministério das Relações Exteriores, e que há "muitos funcionários dedicadíssimos, competentíssimos". "Mas a opção é olhar para o geral", disse ele, criticando o serviço prestado nas áreas de saúde, segurança pública e Justiça. "É uma burocracia infernal o que temos aqui."O sociólogo deixou claro que sua intenção não é desqualificar o documento. "É um estudo que pegou a dimensão quantitativa. Mas eu não vi uma vez usada a palavra eficiência", criticou. "Pode fazer pesquisa querendo mostrar quantidade, mas o que interessa é eficiência. O que adianta saber que o Paraguai tem mais (servidores) do que o Brasil? Eu quero saber se qualidade do serviço é melhor do que a brasileira ou vice-versa."

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